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 O aviso chegou por What'sApp. "Logo apetecia-me pizza. O que te parece?", lia-se na mensagem. Não me apetecia muito, devo confessar. Primeiro, porque embora gostando de pizza, não sou um amante da dita. Como, mas não é uma coisa que me faça dizer "o meu reino por uma pizza". E, em segundo lugar, porque a pizza tem farinha para fazer a massa (é rica em hidratos de carbono) e, independentemente do recheio que escolhermos, tem queijo, muito queijo, e pode ter natas e sei lá mais o quê (gordura). Ou seja, coisas pouco recomendáveis para quem está num processo como eu.

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Ainda assim, disse que sim. E mais. Fui tão fofinho que procurei um sítio diferente, uma pizzaria muito recomendada no TripAdvisor e no The Fork para lá de Sintra (em Arneiro dos Marinheiros, junto ao Magoito). E fomos. Pedimos um pão de alho especial (ups...), que tinha queijo, alho, e chouriço (ups, ups...) e uma pizza à chefe (frango, cogumelos, natas, azeitonas, amêndoas e oregãos). Há dois tamanos de pizza: as pequenas (à volta dos 11/12 euros) e as grandes (com preços médios de 14/15 euros). Achámos que uma grande daria para os dois, ainda por cima depois da entrada. Não só chegou como ainda trouxe metade para casa. E não foi por falta de qualidade: pizza excelente, caseira, feita à nossa frente.

Por mais que relativize, há sempre um grilo da consciência que fala na nossa cabeça. "Estás a comer pizza, estás a comer pizza!". Depois, há outro (que deve ser o grilo bonzinho) que ia dizendo "Sem stress, comeste salada low carb do Go Natural ao almoço, andaste cinco quilómetros a pé! Usufrui à vontade da tua pizza, homem!". E assim foi: comi descansadamente, sem peso na consciência (vá lá, sem grande peso na consciência). Descaradamente, ainda dei uma colherada no Petit Gateau, que, deslumbrantemente, era devorado à minha frente.

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 Por descargo de consciência, medi a glicemia duas horas depois (no pico do efeito da refeição): 114 mg de açúcar por decilitro de sangue. Um valor excelente. E voltei a medi-la hoje de manhã, em jejum. Queria mesmo certificar-me do efeito que a pizza tinha tido em mim: 96! Fiquei muito satisfeito. Em ambos os casos, os valores estão abaixo dos níveis de referência de diabetes, o que prova que o meu percurso feito até aqui, apesar de todos estes excessos já provocou mudanças no meu metabolismo, que não é afetado por estes pequenos desvios.

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 Tomei a medicação, preparei o meu pequeno almoço e tomei-o descansado: um iogurte magro de morango com sementes de chia, uma fatia de pão de cereais escura com manteiga magra, um queijo fresco magro e uma pera. O almoço, já agora, vai ser creme de espinafres sem batata, salada de quinoa com cogumelos frescos, tomate, farrapos de beterraba e argolas de lulas, que cozinhei ontem à noite e que será comida fria ao almoço.

Este post serve exatamente para mostrar que a vida do diabético não é a preto e branco, como muitos temem. Tenho-me esforçado por dizer isto aqui. Um diabético tem de viver, não pode ficar agrilhoado em coisas cozidas ou grelhadas sem qualquer sabor. Diversidade, equivalências bem feitas, riqueza de nutrientes e exercício físico são a base que, com a medicação prescrita pelos médicos da APDP, permite evoluções seguras e desvios cheios de prazer. Mas atenção, não relaxem, não se esqueçam que há um caminho a ser perseguido todos os dias. E os resultados só se conseguem com disciplina. 

 

PS - Ah, já agora. A Pizzaria de ontem chama-se Dona Azeitona. Não a conhecia. Os senhores foram muito simpáticos, mas eu paguei a conta. Apenas me refiro a ela, porque acho que merece.

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2 comentários

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De Nuno Azinheira a 08.09.2016 às 23:59

A pizza tem muita farinha, é rica em hidratos de carbono. E quanto mais industrial, pior. Mas de vez em quando, se os valores da glicemia estiverem controlados, avança sem medos...

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