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Anda um tipo a entrar nos eixos, seguindo um caminho definido, bem trilhado, com resultados visíveis, e eis que aparecem os diabinhos da tentação. Eles andam sempre por aí a pairar. Esta minha segunda semana de férias algarvias, em casa de família, têm tido muitos diabinhos à solta. Nada de surpreendente, eu já vos tinha prevenido para isso. E, sobretudo, já me tinha prevenido a mim próprio.
Depois de uma primeira semana em que passei com distinção, apenas com uma bola de Berlim na praia e sem gelados, esta segunda semana, em Tavira, tenho fraquejado. Enfim, nada de grave, claro, mas tenho caído em tentação. Algum álcool e dois gelados. Há três dias que me andavam a falar dos "melhores rissóis do mundo" no café Mira, uma relíquia tavirense (os conhecedores sabem do que falo). Quando aqui chegámos, correu o rumor de que o Mira tinha fechado. O horror, a tragédia. Numa das minhas caminhadas matinais comprovei que se mantinha aberto. Era falso alarme. Apenas mudou de mãos. Ou melhor, os proprietários mantêm-se os mesmos, mas "concessionaram" a operação. E deram-lhe um toque de modernidade. Uma pena.
Corações mais sossegados. Retomaram-se velhas rotinas. De manhã, cafezinho no Mira. E um rissol. Ontem resisti. Hoje, sentado na esplanada com os restantes comensais, ouvi o diabinho: "come lá um rissol, pá! Não sejas maricas!". Não fui. Comi o rissol. Simpático, mas longe de ser o propalado "melhor do mundo". Pelo menos do meu mundo, que, em matéria de rissóis, tem muitos quilómetros palmilhados.
O rissol não me soube bem. Não era mau, mas não fui capaz de o fruir. Bateu-me um sentimento de culpa. Como se tivesse violado uma linha intransponível. Como se tivesse transposto uma barreira psicológica. E transpus. Ao fim de 59 dias, comi um salgado. Pronto, levanta a cabeça e segue. Ainda ouvi a conversa motivadora: "Tem calma, não foi por comeres um rissol que colocaste em causa o teu percurso até aqui". É verdade.
Passadas estas horas estou tranquilo em relação ao rissol que comi de manhã. Mas tinha-o aqui entalado. Tinha de vos contar. O Tipo 2, tão motivado, tão inspirador, também fraqueja. E vai fraquejar mais vezes. É mesmo assim. De vez em quando, convém pisarmos o risco. Caso contrário, tornamo-nos uma seca...
Medi a glicemia há pouco: 124. O rissol já lá vai e não deixou rasto. Ao menos isso. Ainda se fosse o melhor do mundo, sempre havia um consolo. Assim não. Adeus!
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