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Ui, tenho tanto para vos contar! Ontem, tive a minha primeira prova de fogo, 42 dias depois de me ter sido diagnosticada Diabetes Tipo 2. Foi o meu primeiro contacto com a equipa de médicos da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal que me vai seguir. Podia ter escolhido outra solução, mas desde a primeira hora, depois de algumas referências obtidas, decidi ser acompanhado pela equipa multidisciplinar da APDP. Para primeira amostra, e apesar de lá ter estado entre as 12h45 e as 17h45, fiquei satisfeito.
E porquê prova de fogo? Porque, apesar de todo o rigor que tenho tido, apesar da reeducação alimentar que estou a fazer, apesar do exercício físico que iniciei há um mês e tal, e apesar dos sinais (interiores e exteriores), agora o veredicto era a sério: faria exames, análises e seria visto por profissionais de saúde. Reforço aquilo que sempre disse aqui: não sou médico. Tudo o que aqui escrevo, e que tem resultado em mim, não deve ser tido como exemplo para todos. Cada caso é um caso e cada um deve procurar a ajuda médica necessária para melhorar a sua qualidadade de vida, como eu tenho feito, com resultados visíveis.
Desde que iniciei esta conjugação medicamentos+alimentação+exercício físico, perdi 12 quilos, aumentei massa muscular (que também pesa), baixei quatro números de calças (o que significa que o meu perímetro abdominal reduziu, o que é o melhor sinal de todos, porque a gordura localizada nesta zona é a mais perigosa de todas) e um número de camisas.
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Nota: A evolução das fotos que aqui publico não é de apenas um mês e meio. São fotos dos últimos dois anos. Acho que se nota bem a diferença...
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Voltando ao dia de ontem, de manhã fui ao ginásio para uma aula com PT. Ao chegar ao Virgin Active, lembrei-me que um dos exames que faria à tarde seria um eletrocardiograma. Seria compatível com a prática de exercício físico de manhã? Como não sabia, liguei ao meu médico de família. Que sim, que era compatível, que até era melhor, porque quando fizesse o exame à tarde, veriam um coração que tinha feito esforço de manhã.
Mandaram-me estar na APDP às 12h45 já almoçado. E eu, que sou um menino cumpridor, lá estava. Esperei uns minutos, fui à triagem para pesagem e medições. Meia hora depois estava a recolher as minhas colheitas de sangue e urina para análise. No imediato, a técnica disse-me que estava com 158 mg de glicose por decilitro de sangue. "É um valor muito simpático, uma vez que estamos após o almoço", disse-me. Simpático?, pensei. De facto, dez minutos antes de entrar no laboratório, enquanto esperava, ouvi a mesma profissional a dizer a uma senhora de cerca de 60 anos: "'Sôdona' Etelvina, estamos com os valores um bocadinho elevados. Vai ficar aqui a descansar com insulina. Neste momento tem 358 de açúcar". A 'sôdona' Etelvina passou para a sala ao lado e eu entrei. Apesar de me ter dito que eram um valor "simpático", os meus 158 mg/dl não me pareciam nada simpáticos. Muito acima do normal, que têm sido nas últimas semanas, duas horas depois do almoço (considerado o pico da glicose) de 125 ou 130. Fui à casa de banho e medi com o meu glicómetro: 124. Voltei ao laboratório e mostrei os valores à técnica. Nada como perceber as coisas como elas são: "Fez bem em fazer isso. O valor que acabou de obter foi de uma colheita capilar, com o teste de sangue no dedo. Eu fiz aproveitando o sangue que lhe retirei da veia. São valores mais fidedignos e há sempre uma ligeira variação. Não fique preopcupado. O seu valor é absolutamente normal". Agradeci, saí e fiquei mais descansado.
Seguiu-se o exame aos olhos, para despistar a Retinopatia Diabética, ou seja, complicações na visão decorrentes da presença exagerada de açúcar na corrente sanguínea (os resultados só se saberão mais tarde), e, logo a seguir, o electrocardiograma. Demorou dois minutos. No final, a técnica olhou para ele e disse: "o coração de um jovem". Lembrei-me dos meus quase 42 anos e sorri.
Depois dos exames, as consultas. Primeiro, claro, a espera. A sala de espera tinha agora bem mais gente. Na sua maioria gente mais velha do que eu, embora houvesse dois ou três jovens. Na sua maioria, gente com excesso de peso como eu, embora menos obesos do que eu. Ouvi muitas conversas durante aquelas horas que ali estive, mas disso ocupar-me-ei num outro post.
Ao fim de 40 minutos, lá fui chamado ao consultório. A minha diabetologista, Dra. Ana Filipa Lopes, apresentou-se, estendeu-me a mão e deu-me as boas vindas. Fez perguntas e eu respondi. Elogiou o trabalho feito nas últimas semanas e falou-me do valor da única análise que já estava disponível, o da Hemoglobina Glicada (HbA1c). É uma análise extremamente útil na avaliação da glicemia por períodos prolongados. A hemoglobina glicada serve para monitorizar o controlo da Diabetes de uma forma mais contínua, pois permite analisar a glicemia média de 90 dias. Um valor aceitável é de 7%, um valor ótimo é 6,5%.
O meu médico de família, António Calaim, já me tinha alertado para não me assustar. O meu "caminho" tem ainda só um mês e meio, portanto, o outro mês e meio anterior, de açúcares altos e descontrolados, fariam seguramente o valor da HbA1c subir muito acima do desejável. "Pode ser que tenhas 10 ou 11%, não nos vamos assustar", alertara-me o médico. O resultado foi o esperado, embora o valor mais baixo do expectado. "Tem 9,1% de hemoglobina glicada, que é um valor alto, mas acredito que mantendo o que tem estado a fazer, na próxima análise que fizer, já vamos ter resultados desejáveis".
Quanto à medicação, manteve-me tudo, mas mudou-me o antidiabético oral. Continua a ser metformina diária, mas receitou-me ainda Bydureon, "uma medicamento de ação prolongada, que se toma apenas se toma uma vez por semana e que combina o combate à diabetes mas, ao mesmo tempo, reforça a perda de peso, que é o que o Nuno continua a precisar", explicou-me a endocrinologista. "Tem uma contrariedade apenas: não foi possível desenvolver este medicamento por via oral, é injetável com uma caneta", explicou-me. Tremi um pouco, confesso. "No fundo, é como a insulina, mas isto não é insulina", acrescentou. Continuei apreensivo. Nunca gostei de agulhas e a perspetiva de fazer a administração numa prega da minha própria barriga (vulgo pneu) não me agrada. "Não há outra alternativa?", perguntei. Ela sorriu. "Haver, há. É continuar com a medicação que está a fazer, que está a ter efeito no controlo da diabetes, mas eu acho que vai ter um ganho substancial com esta solução que lhe proponho, porque vai ajudá-lo ainda mais a perder peso. Mas só faz se quiser. Se não quiser, mantemos tudo como está". Pensei cinco segundos em silêncio. E resolvi aceitar. Também há um mês e meio a ideia de me picar três vezes ao dia para controlar a glicemia me soava a estranho e afinal... não custa nada.
Também aqui, a médica mudou a prática: "Ah, e não quero que continue a picar-se três vezes ao dia. A sua glicemia já não o justifica. Basta que controle dia sim, dia não, ou depois de alguma refeição especial para perceber que impacto é que ela teve em si. Mas não faz sentido continuar a medir a sua gicemia com tanta frequência". E pronto, estava terminada a consulta.
De volta à sala de espera, agora à pinha. Mais 20 minutos, e eis que sou chamado pela Dra. Ana Raimundo Costa, que passou a ser a minha nutricionista. A consulta demorou mais de 40 minutos. Por minha culpa. Fartei-me de falar, expliquei-lhe as mudanças introduzidas na minha alimentação, enumerei as refeições, falei-lhe das equivalências, mostrei-lhe fotografias, falei-lhe do blogue. A empatia foi rápida e recíproca. "Não lhe vou passar nenhum plano alimentar, Nuno. Basta continuar a fazer o que está a fazer, está a ir muito bem. Parabéns!".
De repente, chegou o email com os resultados das análises. "Uau!", disse primeiro. Depois, imprimiu as folhas para me mostrar. À minha frente tinha as análises feitas a 19 de junho e, agora, estas de 2 de agosto. Olhei para umas e para outras. Deixem-me confessar: vieram-me as lágrimas aos olhos. Não sei bem porquê. Ou, melhor, sei. Sei perfeitamente. Porque verifiquei que o caminho que comecei está a dar resultados científicos. "Nuno, parabéns! Colesterol a níveis normais, reduziu para metade. Triglicéridos excelentes. São valores muito importantes porque têm a ver com o metabolismo lípido, aquilo que afeta o coração e que provoca as complicações cardíacas", explicou.
Há 40 e tal dias, o meu colesterol era de 270 mg/dl. Caiu para 135, 1 (o valor de referência é abaixo de 200). Os triglicéridos, que já estavam bem em junho, com 121 mg/dl, baixaram para 110, 2 (o valor de referência é abaixo dos 150). E o açúcar, que tinha sido 329 no dia em que tudo começou, estava ontem, depois de almoço, nos 158 mg/dl.
Despedi-me com dois beijinhos da nutricionista. Prometeu-me que vinha cá ler o blogue. E veio, percebi meia hora mais tarde.
O dia na APDP ainda não tinha terminado. Numa última consulta, foi-me explicado como usar a tal caneta do tal medicamento que vou passar a autoadministrar uma vez por semana. O ideal é que seja sempre no mesmo dia da semana e sensivelmente à mesma hora. Escolhi o domingo ao pequeno almoço. Assim, faço em casa, sem stresses. Acho que à primeira vai custar um bocadinho, mas que é tudo uma questão de hábito. Se me vai fazer bem, então vamos lá sem medos. Volto à Associação em setembro. E, espero, com novas razões para sair de lá a rir.
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