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Está na altura de nos conhecermos, não?

por Nuno Azinheira, em 14.10.16

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Tenho um desafio para vos fazer. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal promove todos os meses uma iniciativa chamada "Sábados Desportivos". Por estranho que possa parecer, decorre aos sábados! Este sábado, dia 15, é um desses dias. Decorre no Parque das Conchas, no Lumiar (a concentração é na entrada mais perto à saída do Metro, linha amarela), e, segundo me foi explicado, a atividade é monotorizada por um professor de Educação Física especializado na temática da Diabetes.

O Sábado Desportivo decorre entre as 10h00 e as 12h30 e a entrada é gratuita. O público é muito heterogéneo: gente magra, gente gorda, mais novos (já participaram crianças com dez anos), mais séniores (a APDP disse-me que há um senhor comm 78 anos que participa de vez em quando...). As duas horas e meia são compostas de caminhada e de exercícios ligeiros que o professor nos pedirá de acordo com as nossas capacidades.

Nunca participei em nenhuma destas atividades, mas acho muito meritório o trabalho clínico, social e de integração que a APDP faz. E, por isso, decidi participar na edição deste sábado. As explicações que me foram dadas por telefone chegaram para me convencer. E creio que podem convencer-vos a vocês também. Para os mais velhos: "não vai só malta nova!". Para os mais novos: "não vão só 'cotas'!". Para os magros: "não vão só gordinhos!". Para os gordinhos: "não vão ser os únicos barrigudos!".

Assim sendo, só há duas coisas que vos fará faltar: ou o trabalho, ou a inércia. Se estão a trabalhar, está justificado. Se é mesmo por inércia, toca a combatê-la, a tirar o rabinho da cama e vir experimentar pela primeira vez. Tem outro aliciante: ficam finanalmente a conhecer o Tipo 2.

Podem inscrever-se  através do 213 816 112. É melhor para eles terem uma noção do número de pessoas que terá o grupo. Mas se quiserem aparecer por lá sem dizer nada também podem. Muito importante: não têm de ser diabéticos nem sócios da APDP. A iniciativa é aberta a sócios, não sócios, pacientes, acompanhantes, não diabéticos. Basta ter vontade em fazer qualquer coisa para sermos saudáveis.

Vá, tomem uma decisão! Façam exercício físico (é um dos eixos fundamentais dos resultados que já obtive em quatro meses: 22 quilos perdidos, 23 centímetros de perímetro abdominal perdidos, glicemia estabilizada nos valores normais, colesterol e triglicéridos impecáveis, tensão arterial controlada). Não se desculpem com o tempo: sim, vão estar nuvens, sim, pode haver umas pingas, mas não vai chover a potes. Não inventem desculpas. Vamos?

Já vos disse que vou lá estar? ;)

 

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O pecado não morou ao lado

por Nuno Azinheira, em 25.09.16

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Chama-se Red Velvet e é um bolo especial. Desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. Com o racionamento alimentar, a beterraba, que era considerado um alimento menor e com grande abundância nos Estados Unidos,  passou a ser o ingrediente imprescindível para este bolo. Depois da Guerra, com o sucesso do bolo, eslegante e saborosíssimo, começaram a substituir a beterraba por corante.

Chama-se Red Velvet e foi um bolo especial. Foi, já não é, porque foi todo comido ontem à noite. Mas continua a ser um bolo especial, porque foi feito, especialmente para mim, pela minha sobrinha mais velha, Sofia, que tem sido a mais terna e importante das minhas inspirações nesta fase da minha vida. 

Ontem foi o meu dia de aniversário. Dia dos 42 anos. Para muitos, o dia de aniversário é o arranque de um novo ciclo, de um novo ano. Para mim, essa mudança acontece só no final do ano civil, a 31 de dezembro. Mas ainda assim, se ontem tiver começado um novo ano da minha vida, que ele seja melhor e que consiga superar os desafios que tenho pela frente.

Para assinalar o dia, juntei a família à mesa. A família nucelar e alguns mais próximos da família que escolhemos, os amigos. Não estiveram lá todos, nem podiam. Era praticamente impossível juntar todos. Mas a Sofia conhece-me bem e sabia bem o que eu queria. O presente que me deu, e que, naturalmente, fica entre os dois, era algo que ela sabia que eu desejava muito e nunca tinha conseguido encontrar. Ela deu-se ao trabalho de encontrar. E encontrou. E depois fez o bolo. Uma trabalheira que eu sei que lhe deu prazer, porque era para mim. 

Foi um daqueles dias que encaixam na máxima "Dias não são dias". Para um jantar de grupo (gente diferente, gostos diferentes, bolsas diferentes...), um restaurante italiano é sempre uma opção sensata. Ainda por cima, o que escolhi, um restaurante que também tinha alternativas portuguesas. Podia ter optado por um salmão grelhado com brócolos (havia na lista, digo já...), mas apeteceu-me uma massa com gambas e rúcula. Que diabo, toda o meu regime diário é baixo em hidratos de carbono. Não havia (não houve) mal nenhum em aumentá-los ao jantar. Soube-me bem, a massa. Gosto muito de massa mas, naturalmente, reduzi o seu consumo desde que a diabetes entrou na minha vida.

Ao almoço, porém, já tinha tratado de compensar o excesso que haveria à noite. Fui às Amoreiras e comprei um menu low carb, um dos vários pratos que a Go Natural tem disponíveis com um baixo teor de hidratos de carbono (desculpem eu falar-vos tanto da Go Natural. Acreditem que este conteúdo não é patrocinado, e que a Go Natural não me paga nada pela publicidade que lhe faço, mas de facto, é hoje a minha cantina habitual pela variedade e cuidado nutricional dos pratos preparados ou pelas saladas que podemos pedir para preparar à nossa frente). Escolhi Frango Teriyaki com legumes asiáticos. Não sendo o meu preferido, soube-me bem e, acompanhado da sopa de brócolos sem batata, fiquei saciado. Uma peça de fruta e fibra a meio da tarde deu o toque perferfeito antes da hora do disparate. 

À noite, quando cheguei a casa, a minha glicemia pós-prandial (duas horas e meia depois da refeição, entendida pelos médicos como o pico mais alto de açúar no sangue) era de 106 mg de açúcar por decilitro de sangue. Um valor perfeitamente normal e que revela que estou no bom caminho. 

Agora, de pequeno almoço tomado, vou queimar calorias e caminhar, caminhar, caminhar. O corpo precisa. A cabeça também.

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O Tipo 2 está quase a fazer três meses. Muito caminho já foi andado até aqui. E muitos se foram juntando a nós, quer aqui, quer à página de Facebook, que já tem quase 4 mil seguidores. Aliás, se ainda não foram lá colocar o like, do que é que estão à espera? Na página de Facebook encontram todos os posts que aqui vou colocando e outro material exclusivo que não vem para aqui (fotos e vídeos, por exemplo).

Quem me tem seguido sabe dos meus objetivos: em primeiro lugar, motivar-me nesta batalha contra a diabetes e pela perda de peso e ajudar outos a encararem a doença não como um fardo, mas como uma janela para um estilo de vida mais saudável.

 

Para estes dois objetivos, tenho usado estratégias várias: por um lado, conto as histórias em nome pessoal, sem me esconder, sem esconder os que me rodeiam, sem meter a cabeça na areia. Partilho convosco as minhas alegrias, os meus sucessos e algumas angústias. Falo de mim, das minhas coisas, dos meus gostos, das minhas forma de ser, do meu feitio. Ou seja, procuro dar um rosto, humanizar uma doença que atinge diretamente um milhão de pesssoas em Portugal, mais, indiretamente, as que convivem com elas.

Por outro lado, procuro assumir um lado pedagógico, quase de serviço público. Ressalvando sempre que não sou médico, e o que aqui partilho resulta das conversas que tenho com a excelente e dedicada equipa clínica multidisciplinar que me segue na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, tenho procurado fornecer informação útil para quem é diabético ou para quem, mesmo não sendo ainda, tem fortes probabilidades de vir a ser. Preocupo-me com todos, mas, como compreenderão, mais com aqueles que, das duas, uma: ou não querem saber (aconteceu comigo, antes do diagnóstico oficial) ou vivem em negação ("sei que sou mas não quero saber dessa maldita doença, nem picar-me, nem mudar a minha vida"). 

No fundo, o que procuro é descomplicar a Diabetes, explicando que é uma doença crónica e que, controlados os valores da glicemia no sangue, permite uma vida absolutamente normal. Mas é preciso mudar o estilo de vida: tomar a medicação que nos é receitada pelos médicos (e só pelos médicos, que eu não acredito em chás e truques naturais...), reeducação alimentar e exercício físico. 

Já aqui o disse e reforço: o grande medo que há sobre a diabetes resulta do grande desconhecimento sobre a doença. As pessoas têm medo do desconhecido. Ouvem falar em cegueira, em amputação de membros, em AVC. E, sim, tudo isso pode acontecer. Mas só se não mudarmos os hábitos alimentares e deixarmos a vida sedentária em que a maior parte nós vive. Não é preciso correr maratonas, e não vale a pena invocar a falta de tempo: bastam 30 minutos por dia de caminhada (à hora do almoço, por exemplo, em vez de irem beber a bica ao café do lado, deem mais uns passos e vão ao outro a seguir).

Já aqui tenho recomendado livros (hei-de voltar a eles, em breve), já aqui tenho citado sites credíveis e relatórios científicos. Hoje publico este vídeo produzido por um excelente site chamado Controlar a Diabetes. É um vídeo que mostra, com imagens, com grafismos e com uma linguagem muito acessível, o que é isso da equivalência de hidratos de carbono, um hábito essencial na nossa reeducação alimentar. Perguntas como "Quanto arroz posso comer?", "posso juntar arroz e ervilhas?", "posso comer fruta?", "E como é em dias de festa?" estão todas respondidas. Vejam o vídeo e percebam como, passados os primeiros dias, se habituarão facilmente às novidades.

Para terminar, vamos ser claros: ter diabetes é bom? Não, claro que não. É dramático? Não, não é, mas obriga-nos a mudar algumas coisas na nossa vida. Este Tipo 2 que vocês se habituaram a ler é o exemplo de que é possível: já perdi 19 quilos, 15 centímetros (!) de perímetro abdominal (a barriguinha onde se concentra a gordura visceral, tão propícia a enfartes do miocárdio), reduzi o colesterol para metade, baixei os triglicéridos, estabilizei a tensão arterial e tenho os níveis de açúcar no sangue absolutamente controlados e quase num patamar de "não diabetes". E, como vos tenho mostrado, não tenho sido mais papista que o papa. Tenho pecado. Com muito gosto.

Ponham isto na cabeça: "se este tipo consegue, eu também vou conseguir!". E não me venham com essa conversa de que eu tenho muita força de vontade. Sempre que me dizem isso, eu respondo da mesma forma: "se tivesse muita força de vontade, não tinha chegado aos 42 anos com obesidade mórbida, a pesar 140 e tal quilos, com o açúcar nos 300 e muitos, e não era hipertenso há oito anos. Tudo isto era um barril de pólvora. Um cocktail explosivo que, mais cedo ou mais tarde, mata. E é certo que sabemos que todos nós, um dia, seguiremos deitados para o mesmo destino, mas mais vale ser tarde do que cedo. Eu penso sempre nisso. E em todos os que amo e em tudo o que ainda me apetece fazer. Foi "isto", foi só "isto" que me fez dar o click. É disso que estão a precisar, um click.

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É longe de Lisboa que me desgraço

por Nuno Azinheira, em 12.09.16

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 Isto não são só coisas boas, calma. Há avanços e recuos, há momentos em que não conseguimos resistir. Portanto, não quero dar-vos a ideia de ilusão, nem que esta batalha, permanente e diária, é fácil. Não é. Também não é o bicho de sete cabeças que muitos, por medo e desconhecimento, pensam, mas não é fácil.

Este blogue, que se chama Tipo 2, tem um subtítulo: "Motivações, desafios e frustrações de um diabético em busca de melhor qualidade de vida". E, portanto, não vale a pena esconder-vos as frustrações. Tenho por aqui, ao longo dos últimos meses, partilhado convosco as motivações e os desafios. E, de quando em vez, algumas frustrações. Como aquela em Tavira, em agosto, quando não resisti a um rissol. Não teve problema nenhum, mas foi o simbolismo do primeiro rissol comido depois da minha mudança de estilo de vida. Quem já me lia nessa altura sabe como isso me marcou. Fiquei ali a matutar na coisa durante um tempo.

Pois bem, este fim de semana portei-me mal. Repito: portei-me mal. Agora em letra grande: PORTEI-ME MAL. Foi um conjunto de disparates. Não há outra forma de dizer. A coisa até começou bem no sábado, com 11 quilómetros de caminhada aqui em Lisboa, junto ao rio. Mas depois o resto do fim-de-semana foi para esquecer. Um amigo de infância fez 40 anos e, com aquela treta de "só se fazem 40 anos uma vez na vida...", convidou os amigos para um fim de semana numa herdade ao pé de Beja. Eramos, entre adultos e crianças, 40 e tal alminhas num monte fechado para nós. A coisa tinha tudo: sol, calor, piscina (imaginem toda a gente ali metida...), prova de vinhos (na Herdade do Vau produz-se o vinho Riso, de muito boa qualidade), acompanhada de queijos, enchidos, salgados e outras coisas do Diabo, jantar e dormida e pequeno almoço de domingo. Só faltou a pulseirinha, mas estava tudo incluído. Foi um grande espectáculo, mas, aqui para nós, não foi um espectáculo digno de se ver aqui para o meu lado. Já de regresso a Lisboa, fora do programa, decidimos almoçar em Serpa, no Molhó Bico. O excelente ensopado de borrego e o Pudim de Requeijão com Leite Condensado não foram o meu melhor momento. Mas estava deliciosos, ao menos isso.

Consequências? Bem, no sábado à noite, antes de me deitar, a glicose estava mais alta do que o normal (claro!), mas longe de níveis alarmantes: 162. Mas no jejum de domingo já tinha descido para 114. E ontem à noite, já depois de ter jantado um hamburguer de salmão e uma bela salada de tomate, já estava nos 99. Portanto, do ponto de vista da glicemia, a coisa voltou ao sítio. Não me pesei, mas sei que devo ter recuperado um quilinho com os anos do Nuno. Paciência, é a vida! 

Hoje, o meu sobrinho mais novo, Martim, completa 5 anos. Ai, vou ter de resistir tanto. Ai vou, vou...

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Claro que pode comer bananas. Quer dizer: se quer basear a sua dieta alimentar à base de bananas, é capaz de não ser uma boa ideia, mas se estamos a falar de comer moderadamanete bananas, a resposta é sim: pode comer.

Tenha só uma coisa em atenção: uma banana normal, daquelas importadas que temos nos supermercados, de tamanho médio (85 gramas, tirada a casca) fornece cerca de 20 gramas de hidratos de carbono. Se a banana for das grandes, com 128 gramas, já contem 30 gramas de hidratos de carbono e fornece 122 calorias.

Já se for uma banana da Madeia, mais pequenina e saborosa (e mais cara), deve pesar cerca de 65 gramas. Aí o seu suporte de carbohidratos é de 15 gramas, ou seja, é o idêntico a uma maçã, a uma nectarina, a duas clementinas pequenas, a dez pares de cerejas, a uma taça de framboesas ou de morangos, a dois kiwi, a 12 bagos de uvas ou, acredite, a três figos frescos!

Quer isto dizer que não há problema se, moderadamente, substituir uma banana pequena (ou meia banana grande) por outra peça de fruta na sua dieta diária. Não o faça todos os dias, mas pode fazê-lo duas ou três vezes por semana. Mas não se esqueça, a fruta tem açúcar (frutose) e deve ser sempre comida na companhia de fibra, para absorver o impacto do açúcar na corrente sanguínea.

Já agora, é importante saber que as bananas são uma excelente fonte de potássio e magnésio, importantes para a estabilização da tensão arterial, para a prevenção de doenças cardiovasculares e essenciais para a função nervosa e muscular. Por alguma razão, quando tem câimbras, deve comer bananas, porque ajuda a repor o nível de potássio.

 

Fontes: 

A este propósito, recomendo-lhe a compra de:

Carbs & Cals, um guia compilado por Chris Cheyette e Yello Balolia, recomendado pela APDP, e cuja adaptação para Portugal foi feita pela minha nutricionista, Ana Raimundo Costa;

Guia dos Alimentos Vegetais, de Jean-Claude Rodet;

100% sem Diabetes - como controlar a doença através da alimentação, de Eduarda Alves

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 O aviso chegou por What'sApp. "Logo apetecia-me pizza. O que te parece?", lia-se na mensagem. Não me apetecia muito, devo confessar. Primeiro, porque embora gostando de pizza, não sou um amante da dita. Como, mas não é uma coisa que me faça dizer "o meu reino por uma pizza". E, em segundo lugar, porque a pizza tem farinha para fazer a massa (é rica em hidratos de carbono) e, independentemente do recheio que escolhermos, tem queijo, muito queijo, e pode ter natas e sei lá mais o quê (gordura). Ou seja, coisas pouco recomendáveis para quem está num processo como eu.

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Ainda assim, disse que sim. E mais. Fui tão fofinho que procurei um sítio diferente, uma pizzaria muito recomendada no TripAdvisor e no The Fork para lá de Sintra (em Arneiro dos Marinheiros, junto ao Magoito). E fomos. Pedimos um pão de alho especial (ups...), que tinha queijo, alho, e chouriço (ups, ups...) e uma pizza à chefe (frango, cogumelos, natas, azeitonas, amêndoas e oregãos). Há dois tamanos de pizza: as pequenas (à volta dos 11/12 euros) e as grandes (com preços médios de 14/15 euros). Achámos que uma grande daria para os dois, ainda por cima depois da entrada. Não só chegou como ainda trouxe metade para casa. E não foi por falta de qualidade: pizza excelente, caseira, feita à nossa frente.

Por mais que relativize, há sempre um grilo da consciência que fala na nossa cabeça. "Estás a comer pizza, estás a comer pizza!". Depois, há outro (que deve ser o grilo bonzinho) que ia dizendo "Sem stress, comeste salada low carb do Go Natural ao almoço, andaste cinco quilómetros a pé! Usufrui à vontade da tua pizza, homem!". E assim foi: comi descansadamente, sem peso na consciência (vá lá, sem grande peso na consciência). Descaradamente, ainda dei uma colherada no Petit Gateau, que, deslumbrantemente, era devorado à minha frente.

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 Por descargo de consciência, medi a glicemia duas horas depois (no pico do efeito da refeição): 114 mg de açúcar por decilitro de sangue. Um valor excelente. E voltei a medi-la hoje de manhã, em jejum. Queria mesmo certificar-me do efeito que a pizza tinha tido em mim: 96! Fiquei muito satisfeito. Em ambos os casos, os valores estão abaixo dos níveis de referência de diabetes, o que prova que o meu percurso feito até aqui, apesar de todos estes excessos já provocou mudanças no meu metabolismo, que não é afetado por estes pequenos desvios.

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 Tomei a medicação, preparei o meu pequeno almoço e tomei-o descansado: um iogurte magro de morango com sementes de chia, uma fatia de pão de cereais escura com manteiga magra, um queijo fresco magro e uma pera. O almoço, já agora, vai ser creme de espinafres sem batata, salada de quinoa com cogumelos frescos, tomate, farrapos de beterraba e argolas de lulas, que cozinhei ontem à noite e que será comida fria ao almoço.

Este post serve exatamente para mostrar que a vida do diabético não é a preto e branco, como muitos temem. Tenho-me esforçado por dizer isto aqui. Um diabético tem de viver, não pode ficar agrilhoado em coisas cozidas ou grelhadas sem qualquer sabor. Diversidade, equivalências bem feitas, riqueza de nutrientes e exercício físico são a base que, com a medicação prescrita pelos médicos da APDP, permite evoluções seguras e desvios cheios de prazer. Mas atenção, não relaxem, não se esqueçam que há um caminho a ser perseguido todos os dias. E os resultados só se conseguem com disciplina. 

 

PS - Ah, já agora. A Pizzaria de ontem chama-se Dona Azeitona. Não a conhecia. Os senhores foram muito simpáticos, mas eu paguei a conta. Apenas me refiro a ela, porque acho que merece.

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Cuidado com o Monstro das Bolachas que há em nós!

por Nuno Azinheira, em 25.08.16

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Há para todos os gostos, de todas as variedades e tamanhos. De sabores mais doces e mais salgados. Mais neutras e mais abonecadas. Mais secas ou mais "gulosas". As bolachas, que dão para encher um ou dois corredores de um hipermercado, dariam para encher um só blogue. Chegou a hora de dedicar-lhes um post. Em comum têm a utilização de farinhas, açúcares e, não poucas vezes, grandes doses de gordura. Ou seja, coisas pouco compatíveis para quem é diabético, para quem quer perder peso ou para quem, não tendo ainda nada destes males, é ainda uma criança. 

O consumo de bolachas na população infantil é assustadoramente alta. Em Portugal mas não só. E essa é uma das razões, não a única, seguramente, para a prevalência cada vez mais preocupante de obesidade infantil. O problema - é bom que isto se diga, até para não diabolizar a pobre da bolacha - não é comer uma. O problema é que as bolachas são como as cerejas: atrás de uma vem sempre outra. E, de uma penada, cinco ou seis bolachas ou um pacotinho fornecem uma dose de açúcar e calorias superior à desejável.

Ao longo deste post vou dar exemplos. Exemplos práticos, com marcas conhecidas do mercado. Não me move qualquer intuito comercial, nem, pelo contrário, qualquer intuito persecutório. Aqui não estarei a atacar ou a defender ninguém: nem a colocar em causa a qualidade da produção. Tão só informação nutricional. Esta é uma descoberta constante, diária. Também eu a vou fazendo. O importante é que tenhamos a informação, saibamos ler os rótulos para que, depois, cada um faça em consciência as suas escolhas. Porque se estivermos dependentes dos anúncios, das cores das embalagens ou das mensagens publicitárias subliminares ("Energia para o teu dia a dia", "A forma certa de perder peso", "Leva a tua fibra no bolso", "Sabor crocante", etc) , a escolha será sempre emocional e não racional.

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O que temos aqui, neste prato? Onze variedades de bolachas, de tamanhos, sabores, constituições e cores diferentes. 

 

Ursinhos Chiquilin (1 saqueta 40 gramas)

200 Kcal, 6 g de gordura, 28 g de hidratos de carbono (dos quais 10 g de açúcar). 

Mini oreos (1 saqueta de 25 gramas)

118 kcal, 5,3 g de gordura, 16 g de hidratos de carbono (dos quais 10 g de açúcar).

Bolachas Strudel Pingo Doce (por 2 biscoitos)

171 kcal, 6,8 g de gordura, 25,1 g de hidratos de carbono (dos quais 12 g de açúcar)

Bolachas Tuc com sésamo (por sete bolachas - 25 g)

125 kcal, 6 g de gordura, 15 g de hidratos de carbono (dos quais1,8 g de açúcar)

Bolachas Digestiva Aveia - Gullón sem açúcar acrescentado (por bolacha)

60 kcal, 2,4 g de gordura, 8,9 g de hidratos de carbono (dos quais 0,1 g de açúcar)

Galetes de Milho Salutem (por galete)

23 kcal, 0,06 g de gordura, 5 g de hidratos de carbono (dos quais menos de 0,03 g de açúcar)

Água e sala Crackers! Integrais Pingo Doce (1 saqueta - 35,7 g)

153 kcal, 4,4 g de gordura, 23,4 g de hidratos de carbono (dos quais 0,8 g de açúcar)

Bolacha Maria Continente (1 saqueta de 4 bolachas - 25 g)

106 kcal, 2,3 g de gordura, 19 g de hidratos de carbono (dos quais 5 g de açúcar)

Fibra Línea 3 cereais Cuétara (1 bolacha - 9,8 g)

46 kcal, 1,8 g de gordura, 6,1 g de hidratos de carbono (dos quais 2 g de açúcar)

Fibra Línea Integral Antiox Cuétara (1 bolacha - 5,1 g)

23 kcal, 0,9 g de gordura, 3,2 g de hidratos de carbono (dos quais 1 g de açúcar)

Avenacol da Cuétara (1 bolacha - 8,7 g)

40 kcal, 1,5 g de gordura, 5,7 g de hidratos de carbono (dos quais 1,8 g de açúcar)

 

Outras bolachas de que que toda a gente gosta:

Coríntias Triunfo (1 bolacha - 6,5 g)

30 kcal, 1,1 g de gordura, 4,6 g de hidratos de carbono (dos quais 2 g de açúcar)

Shortcake Triunfo (1 bolacha - 10 g)

48 kcal, 2 g de gordura, 6,8 g de hidratos de carbono (dos quais 2,3 g de açúcar)

Belgas Triunfo (1 bolacha - 9 g)

43 kcal, 1,6 g de gordura, 6,4 g de hidratos de carbono (dos quais  2,7 g de açúcar)

Digestivas Nacional (1 pacote - 30 g)

142 kcal, 6,2 g de gordura, 19 g de hidratos de carbono (dos quais 3,9 g de açúcar)

Água e Sal Vieira de Castro (por 100 g de produto)

413 kcal, 8,3 g de gordura, 73,8 g de hidratos de carbono, 6,4 g de açúcar

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 Isto de manter o foco em tempo de férias é mais difícil do que parece. E, convenhamos, é mais difícil do que eu quis fazer crer. Pelo menos, nesta última semana. O que vale é que as férias terminam amanhã! O regresso a Lisboa trará consigo, além das preocupações típicas do trabalho, um maior controlo sobre a minha alimentação.

Cá em Tavira, o frigorífico é um perigo. Pelo menos, este. Quando as portas se abrem encontram-se coisas horrendas. Estupidamente boas, estupidamente doces, estupidamente perigosas. A algumas tenho resistido. A outras, eu pecador me confesso, não.

Na casa de família onde tenho passado os últimos dez dias há de tudo: uma prateleira com "as minhas coisas", um bom peixinho fresco que todos os dias vamos ao mercado comprar, e boas saladas frescas e cheias de estilo feitas por mim.

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Mas também coisas próprias das férias: álcool, batatas fritas, snacks salgados, chocolates, coisas para ir petiscando aqui e ali. E por mais que queira manter a força de vontade no máximo, sinto que à medida que os dias vão passando, ela vai diminuindo. Às principais refeições continuo a ter muito cuidado com o que como. Por exemplo, o meu irmão mais velho, a minha cunhada e a minha sobrinha Sofia vieram cá jantar ontem: para todos havia um magnífico piano de porco preto no forno, assado com alecrim, e umas batatinhas pequeninas assadas. Para mim, fiz um bife de peru grelhado com salada.

Hoje ao almoço, na mesma mesa onde se comia um belo presunto de Parma, ou uns panados de frango, eu comi umas fresquíssimas ovas de pescada grelhadas, compradas duas horas na lota (bem caras, por sinal...), acompanhadas de brócolos cozidos. Portanto, não é por aqui que tenho falhado.

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O pior é nos entretantos. Os amendoins, as batatinhas, as tiras de milho. Elas estão por aí, à mercê de todos. À minha também. E a grappa, uma bebida tipicamente italiana, como o nosso bagaço (mas incomparavelmente melhor), que convida à conversa noite fora, em copos pequeninos de onde se vai bebericando e saboreando lentamente.

Já não bastava isto, mas o meu frigorífico de férias tem mais. Estamos no Algarve, terra de bela fruta e de doçaria regional. Já vos disse que sou mais de salgados do que doces. Em relação aos doces algarvios, não são para mim uma tentação, talvez à excepção dos Dom Rodrigos. Ontem, os convidados, que vinham de Lagos, trouxeram uma caixa cheia de queijinhos de amêndoa, de figo seco e afins. Consegui resistir, sem grande dificuldade.

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Captura de ecrã 2016-08-23, às 18.07.48.pngAliás, hoje ainda restam alguns dos mimos vindos do Barlavento algarvio. O que é difícil mesmo é resistir aos figos algarvios. Apesar de serem muitos os textos na Internet que falam dos benefícios dos figos para a saúde e outros que se arriscam a dizer que o contributo do figo para a obesidade é apenas um mito, todos os nutricionistas e médicos aconselham a um consumo moderado ou mesmo raro. É uma pena que assim seja. Apesar de tudo, tenho sido capaz de os manter relativamente distantes da minha vida. Neste dez dias apenas comi dois figos. Não os devia ter comido? Talvez, mas tanta vontade não satisfeita ainda era capaz de me fazer pior. Por via das dúvidas, comi. Nada como viver na indefinição.

Vivo, pois, por este dias, num misto de sentimentos. Anseio ardentemente que o tempo pare e os dias não avancem, mas ao mesmo tempo, estou a precisar urgentemente da minha marmita, do meu planeamento, do rigor espartano do meu frigorífico. Um homem não é de ferro, caramba!

 

 

 

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Dormindo com o inimigo

por Nuno Azinheira, em 22.08.16

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 Ando a ler um livro um bocadinho assustador. Chama-se "Açúcar - O pior inimigo". Comprei-o há duas semanas numa grande superfície e só comecei a lê-lo hoje. Tem estado na minha mesa de cabeceira há mais de 15 dias. Tenho estado literalmente a dormir com o inimigo.

O livro é assustador porque nos obriga a refletir sobre, por um lado, as coisas que comemos, e, por outro, as coisas que a indústria alimentar acrescenta aos alimentos para os tornar mais apetecíveis, logo mais vendáveis.

Já aqui vos disse que tenho lido muita coisa nos útimos dois meses. Não pensem que me tornei um obsessivo. Continuo a ler romances, livros de comunuicação e outros, mas - não há como negar - passei a interessar-me por estes assuntos. Por uma questão de saúde, desde logo: só posso mudar os meus hábitos de vida, se perceber o que é que os velhos hábitos significam. 

Captura de ecrã 2016-08-22, às 16.34.40.pngApesar de assustador, "Açúcar - O pior inimigo", escrito por Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar, deve ser lido. Não só por diabéticos como eu. Não só por obesos como eu. Mas também por todos os que querem perder alguns quilos e prevenir males futuros. O livro mostra de que forma o açúcar, nas suas mais variadas designações e composições, é prejudicial para o nosso organismo, inclusivamente provocando a compressão dos nervos.

Digo "açúcar nas suas mais variadas designações e composições" porque a falta de informação faz com que as pessoas ignorem os malefícios dos sucedâneos e afins. Cito uma passagem deste livro que estou a ler:

 

"A indústria alimentar esconde sob diferentes nomes o açúcar adicionado nos seus produtos, a que podemos chamar gémeos maléficos. Porém, açúcar é açúcar. Depois de ler o rótulo, dispense o produto se qualquer um destes termos maus comuns para o açúcar estiver entre os primerios cinco ingredientes:

Açúcar amarelo,  açúcar de beterraba,  açúcar mascavado, cana-de-açúcar, caramelo, concentrado de sumo de fruta, dextrina, dextrose, glicose, malte de cevada, maltodextrina, maltose, mel, melaço, melaço de cana, sacarose,xarope de milho, xarope de milho rico em frutose, xarope de ácer (entre outros)".

 

 

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"Come-me, come-me", pediu o rissol. E eu comi-o.

por Nuno Azinheira, em 17.08.16

Captura de ecrã 2016-08-17, às 18.56.12.png

 Anda um tipo a entrar nos eixos, seguindo um caminho definido, bem trilhado, com resultados visíveis, e eis que aparecem os diabinhos da tentação. Eles andam sempre por aí a pairar. Esta minha segunda semana de férias algarvias, em casa de família, têm tido muitos diabinhos à solta. Nada de surpreendente, eu já vos tinha prevenido para isso. E, sobretudo, já me tinha prevenido a mim próprio.

Depois de uma primeira semana em que passei com distinção, apenas com uma bola de Berlim na praia e sem gelados, esta segunda semana, em Tavira, tenho fraquejado. Enfim, nada de grave, claro, mas tenho caído em tentação. Algum álcool e dois gelados. Há três dias que me andavam a falar dos "melhores rissóis do mundo" no café Mira, uma relíquia tavirense (os conhecedores sabem do que falo). Quando aqui chegámos, correu o rumor de que o Mira tinha fechado. O horror, a tragédia. Numa das minhas caminhadas matinais comprovei que se mantinha aberto. Era falso alarme. Apenas mudou de mãos. Ou melhor, os proprietários mantêm-se os mesmos, mas "concessionaram" a operação. E deram-lhe um toque de modernidade. Uma pena.

Corações mais sossegados. Retomaram-se velhas rotinas. De manhã, cafezinho no Mira. E um rissol. Ontem resisti. Hoje, sentado na esplanada com os restantes comensais, ouvi o diabinho: "come lá um rissol, pá! Não sejas maricas!". Não fui. Comi o rissol. Simpático, mas longe de ser o propalado "melhor do mundo". Pelo menos do meu mundo, que, em matéria de rissóis, tem muitos quilómetros palmilhados. 

O rissol não me soube bem. Não era mau, mas não fui capaz de o fruir. Bateu-me um sentimento de culpa. Como se tivesse violado uma linha intransponível. Como se tivesse transposto uma barreira psicológica. E transpus. Ao fim de 59 dias, comi um salgado. Pronto, levanta a cabeça e segue. Ainda ouvi a conversa motivadora: "Tem calma, não foi por comeres um rissol que colocaste em causa o teu percurso até aqui". É verdade. 

Passadas estas horas estou tranquilo em relação ao rissol que comi de manhã. Mas tinha-o aqui entalado. Tinha de vos contar. O Tipo 2, tão motivado, tão inspirador, também fraqueja. E vai fraquejar mais vezes. É mesmo assim. De vez em quando, convém pisarmos o risco. Caso contrário, tornamo-nos uma seca...

Medi a glicemia há pouco: 124. O rissol já lá vai e não deixou rasto. Ao menos isso. Ainda se fosse o melhor do mundo, sempre havia um consolo. Assim não. Adeus!

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