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O Tipo 2 está quase a fazer três meses. Muito caminho já foi andado até aqui. E muitos se foram juntando a nós, quer aqui, quer à página de Facebook, que já tem quase 4 mil seguidores. Aliás, se ainda não foram lá colocar o like, do que é que estão à espera? Na página de Facebook encontram todos os posts que aqui vou colocando e outro material exclusivo que não vem para aqui (fotos e vídeos, por exemplo).

Quem me tem seguido sabe dos meus objetivos: em primeiro lugar, motivar-me nesta batalha contra a diabetes e pela perda de peso e ajudar outos a encararem a doença não como um fardo, mas como uma janela para um estilo de vida mais saudável.

 

Para estes dois objetivos, tenho usado estratégias várias: por um lado, conto as histórias em nome pessoal, sem me esconder, sem esconder os que me rodeiam, sem meter a cabeça na areia. Partilho convosco as minhas alegrias, os meus sucessos e algumas angústias. Falo de mim, das minhas coisas, dos meus gostos, das minhas forma de ser, do meu feitio. Ou seja, procuro dar um rosto, humanizar uma doença que atinge diretamente um milhão de pesssoas em Portugal, mais, indiretamente, as que convivem com elas.

Por outro lado, procuro assumir um lado pedagógico, quase de serviço público. Ressalvando sempre que não sou médico, e o que aqui partilho resulta das conversas que tenho com a excelente e dedicada equipa clínica multidisciplinar que me segue na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, tenho procurado fornecer informação útil para quem é diabético ou para quem, mesmo não sendo ainda, tem fortes probabilidades de vir a ser. Preocupo-me com todos, mas, como compreenderão, mais com aqueles que, das duas, uma: ou não querem saber (aconteceu comigo, antes do diagnóstico oficial) ou vivem em negação ("sei que sou mas não quero saber dessa maldita doença, nem picar-me, nem mudar a minha vida"). 

No fundo, o que procuro é descomplicar a Diabetes, explicando que é uma doença crónica e que, controlados os valores da glicemia no sangue, permite uma vida absolutamente normal. Mas é preciso mudar o estilo de vida: tomar a medicação que nos é receitada pelos médicos (e só pelos médicos, que eu não acredito em chás e truques naturais...), reeducação alimentar e exercício físico. 

Já aqui o disse e reforço: o grande medo que há sobre a diabetes resulta do grande desconhecimento sobre a doença. As pessoas têm medo do desconhecido. Ouvem falar em cegueira, em amputação de membros, em AVC. E, sim, tudo isso pode acontecer. Mas só se não mudarmos os hábitos alimentares e deixarmos a vida sedentária em que a maior parte nós vive. Não é preciso correr maratonas, e não vale a pena invocar a falta de tempo: bastam 30 minutos por dia de caminhada (à hora do almoço, por exemplo, em vez de irem beber a bica ao café do lado, deem mais uns passos e vão ao outro a seguir).

Já aqui tenho recomendado livros (hei-de voltar a eles, em breve), já aqui tenho citado sites credíveis e relatórios científicos. Hoje publico este vídeo produzido por um excelente site chamado Controlar a Diabetes. É um vídeo que mostra, com imagens, com grafismos e com uma linguagem muito acessível, o que é isso da equivalência de hidratos de carbono, um hábito essencial na nossa reeducação alimentar. Perguntas como "Quanto arroz posso comer?", "posso juntar arroz e ervilhas?", "posso comer fruta?", "E como é em dias de festa?" estão todas respondidas. Vejam o vídeo e percebam como, passados os primeiros dias, se habituarão facilmente às novidades.

Para terminar, vamos ser claros: ter diabetes é bom? Não, claro que não. É dramático? Não, não é, mas obriga-nos a mudar algumas coisas na nossa vida. Este Tipo 2 que vocês se habituaram a ler é o exemplo de que é possível: já perdi 19 quilos, 15 centímetros (!) de perímetro abdominal (a barriguinha onde se concentra a gordura visceral, tão propícia a enfartes do miocárdio), reduzi o colesterol para metade, baixei os triglicéridos, estabilizei a tensão arterial e tenho os níveis de açúcar no sangue absolutamente controlados e quase num patamar de "não diabetes". E, como vos tenho mostrado, não tenho sido mais papista que o papa. Tenho pecado. Com muito gosto.

Ponham isto na cabeça: "se este tipo consegue, eu também vou conseguir!". E não me venham com essa conversa de que eu tenho muita força de vontade. Sempre que me dizem isso, eu respondo da mesma forma: "se tivesse muita força de vontade, não tinha chegado aos 42 anos com obesidade mórbida, a pesar 140 e tal quilos, com o açúcar nos 300 e muitos, e não era hipertenso há oito anos. Tudo isto era um barril de pólvora. Um cocktail explosivo que, mais cedo ou mais tarde, mata. E é certo que sabemos que todos nós, um dia, seguiremos deitados para o mesmo destino, mas mais vale ser tarde do que cedo. Eu penso sempre nisso. E em todos os que amo e em tudo o que ainda me apetece fazer. Foi "isto", foi só "isto" que me fez dar o click. É disso que estão a precisar, um click.

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