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Não há como esconder, nem por que esconder: amanhã vai ser um dia muito importante para mim. 

Embora não tenha nada de esotérico, sou um tipo muito ligado aos simbolismos. Os gestos, as datas, os momentos, as viagens, os gostos, os abraços, os acontecimentos. 

Nesta fase da minha vida, mais ainda. E, portanto, para lá do 19 de junho, dia em que me foi diagnosticada a Diabetes Tipo 2, e que serviu para ativar a campainha que há dentro de nós, o dia de amanhã talvez seja o mais importante de todos. Amanhã, a esta hora, já estarei a percorrer a Ponte Vasco da Gama a pé, a fazer os primeiros quilómetros da Mini Maratona de Lisboa. 

Serão apenas sete quilómetros, bem menos do que ando habitualmente nas minhas caminhadas, mas estes são sete quilómetros diferentes. Pela primeira vez, decidi inscrever-me numa prova coletiva. Pela primeira vez, vou partilhar esta experiência com outras pessoas. Pela primeira vez, aceitei o desafio que me coloquei a mim próprio. Pela primeira vez vou estar acompanhado por gente que partilha o mesmo gosto ou necessidade de exercício físico, mesmo sabendo que, no final, estarei sozinho. Mas sei que, quando cruzar a meta, sem ligar ao tempo (na mini maratona, aliás, nem haverá cronometragem oficial), vou sentir um imenso orgulho e uma grande felicidade. Porque é a primeira vez. Porque é especial. Porque é mais um passo na minha caminhada.

Os útimos dias têm sido difíceis. Mas se há uma coisa em que não cedi foi o meu compromisso comigo mesmo. Continuo focado nos objetivos, no processo de reeducação alimentar, tomando a medicação que me foi preescrita e fazendo exercício físico (ora caminhada, ora ginásio).

Amanhã vai ser então o grande dia. Se querem que vos diga, estou um pouco nervoso. É um bocadinho como o primeiro dia de aulas. Haviam de me ter visto, sexta-feira à hora do almoço, na sala Tejo do Pavilhão Atlântico, quando fui levantar o dorsal. Nunca tinha feito nada do género. E, portanto, achei que chegava lá, tinha um guichet e pronto, davam-me o dorsal. Mas não. Quem já é um pro nestas coisas deve estar a rir-se neste momento: lá estavam várias bancas com os dorsais, várias bancas com as T-Shirts e depois toda a sorte de marcas de desporto a venderem acessórios, roupa, calçado, seguros e mais uma imensidão de artigos relacionados com o desporto. Faz todo o sentido, mas para mim foi uma surpresa.

Amanhã tenho de estar na Gare do Oriente às oito da manhã. Há autocarros especiais que nos levam para o ponto de partida, na Ponte Vasco da Gama. Às 10h30, dá-se o tiro de arranque: primeiro partem os da meia maratona, a correr, focados nos seus objetivos de tempo. Depois, para trás, ficam os da Mini Maratona. A maior parte, já me disseram, também vai a correr, mas, garantem, não serei o único a caminhar. Mesmo que seja. Vou ao meu ritmo.

Já tenho tudo preparado. O meu primeiro Kitt de competição está a postos para me embalar. No final, não haverá prémios. Apenas um simbolismo. Mas é um simbolismo que me vai marcar para sempre, quando lá para o meio dia e picos chegar à meta. Não sei se receberei algum aplauso no final. Não sei se receberei um sorriso ou um abraço. Mas nesse momento, nesse exato momento, quero pensar em mim. Quero sentir-me um vencedor. Quero aplaudir-me a mim próprio e confortar-me no meu próprio abraço. Acho que mereço.

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