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Eu sou o tipo mais preguiçoso à face da terra. Ou pelo menos era, não sei bem. Preguiçoso não no sentido de trabalhar, isso não. Mas preguiçoso no sentido de me mexer, de praticar exercício físico. Já vos disse por aqui: se tivesse de andar 150 metros para ir a uma loja, levava o carro. As coisas mudaram, entretanto. Eu sabia que tinham de mudar: o exercício físico é fundamental para quem quer adotar um estilo de vida mais saudável e, em concreto no meu caso, é um dos pilares essenciais na luta contra a diabetes tipo 2 (os outros são a reeducação alimentar e os medicamentos). E, assim sendo, as coisas mudaram. 

Sejamos, porém, claros. Se alguém há um mês e meio me dissesse que eu me tornaria um tipo razoavelmente viciado em exercício físico, eu desatava a rir. Mesmo! Que disparate, não era possível! Eu viciado em desporto? Só de sofá, e mesmo assim sou bastante seletivo. Pois, acontece nas melhores famílias. De repente, aquilo que começou por ser uma necessidade imperiosa, quase uma obrigação, é hoje um prazer. Há dias em que não me apetece? Há, confesso. Não estou ainda nessa fase "Ressaca, ressaca, preciso da minha dose diária!", mas, se ao fim de dois dias, não fizer uma caminhada, sinto falta. Eu não sei se isso se passa com a restante malta, mas eu gosto de fazer isto sozinho. Também ainda não fiz de outra forma, portanto não tenho termo de comparação. Coloco os meus phones, vou a ouvir a minha banda sonora (nem queiram saber a misturada que está lá...) e lá vou eu. Tenho desafiado alguns amigos a virem comigo. Gostava de experimentar ir acompanhado, mas sem a obrigação de grandes conversas. Tenho ideia que me cansarei mais e que terei mais dificuldade em controlar a respiração se for a conversar. Mas ando cá com umas ideias: quando este blogue fizer seis meses, lá para janeiro, sempre podíamos fazer a 1ª Caminhada Tipo 2. O que vos parece? Uma concentração de gente, diabética ou não, que se quisesse juntar à causa. A ideia parece-me catita. Adiante.

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A minha aplicação de telemóvel diz-me que neste mês de atividade física já caminhei 76,21 quilómetros. Não foi de tuk-tuk, nem atrás de Pokémons. Não, foi mesmo a pé. Em dez caminhadas, é uma média de 7,6 quilómetros por cada passeata. Tem sido ótimo e no final, apesar do cansaço nos pés e pernas (sempre são (ainda) três dígitos de quilos em cima deles...), há uma sensação de conforto. De que estou a fazer a coisa certa. Fico mais bem disposto, até parece que respiro melhor. De caminhada para caminhada, canso-me menos, apesar de o ritmo ter vindo a intensificar-se. Mas é um cansaço físico, de pernas e pés, não um cansaço cardíaco ou de pulso acelerado. Também não corro, tudo tem o seu tempo. Essencial para quem pratica atividade física ou só agora começou a fazer estas coisas: levar sempre uma garrafa de água, para ir hidratando, e uns hidratos de carbono do absorção rápida para, em caso de hipoglicemia (quando os valores de glicose no sangue descem a níveis perigosos), fazer frente a complicações de maior.

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Não cometam o mesmo disparate que eu, logo no primeiro dia de exercício: fui todo lampeiro sem água, nem dinheiro para comprar o que quer que fosse. Conclusão, tive de viver da caridade de uma menina simpática de uma pastelaria que me deu um copo de água com açúcar. A partir daí, levo sempre a minha dose necessária para qualquer eventualidade. 

Escolho habitualmente percursos perto do mar ou do rio. São mais frescos, mais relaxantes e, por lá, normalmente, cruzamo-nos sempre com muita gente que está a fazer o mesmo: gordos, magros, novos, velhos, homens, mulheres, a andar, a correr. Gente que está ali para o mesmo que nós. Que passa por nós em sentido contrário e que, por vezes, esboça um sorriso. É, há uma certa dose de cumplicidade entre as pessoas que, não sendo desportistas, praticam exercício físico. É um sorriso discreto, como quem diz "Ainda bem que vieste. Isto faz bem, não faz?". Essa sensação é muito agradável, devo confessar-vos. E motiva-me a continuar o caminho.

A minha atividade física não se limita às caminhadas. Desde abril que estou inscrito no ginásio. Foi antes de descobrir que sou diabético. Sabia que tinha de perder peso e inscrevi-me. Não era garantia de nada. A história da minha vida é pagar fidelizações em ginásios e nunca colocar lá os pés. Desta vez, fui para o Virgin Active, ali na Fontes Pereira de Melo, a cinco minutos do meu local de trabalho. Gosto do espaço, da variedade de máquinas, da simpatia das pessoas. Em maio fraquejei e não pus lá os pés. Mas, depois, o meu personal trainer tanto insistiu, tanto SMS enviou, que eu acabei por ceder. E fiz bem. O André Guardado já me conhece as manhas: sabe as máquinas de que gosto, sabe os exercícios para Captura de ecrã 2016-07-26, às 11.06.36.pngos quais não tenho paciência e é um motivador. Dir-se-á que todos os PT são assim, treinados para ser assim: têm a lábia toda, mostram-se sempre preocupados com os seus clientes e são ótimos motivadores. É verdade, é a vida deles, e portanto, é natural que procuram desempenhar o seu trabalho de forma profissional. O André tem sido um amigo, que puxa por mim, que respeita os meus limites, e que me motiva. A cada caminhada, a cada foto que coloco no FCaptura de ecrã 2016-07-26, às 11.12.06.pngacebook ou no Instagram, lá tenho um like dele. Isso dá-me vontade de continuar. O negócio é bom para todos: em primeiro lugar para mim, que pratico exercício físico; em segundo lugar, para o André, que é pago pelo acompanhamento personalizado que me dá e vê os resultados em mim. E em terceiro, lugar para o ginásio, que continua a receber a minha mensalidade.

A propósito: tinha aula de PT marcada para hoje. Estou cansado. Os músculos das pernas e dos braços estão a fazer-se sentir. Baldei-me. Há dias assim.

 

 

 

 

 

 

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