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Cuidado com o Monstro das Bolachas que há em nós!

por Nuno Azinheira, em 25.08.16

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Há para todos os gostos, de todas as variedades e tamanhos. De sabores mais doces e mais salgados. Mais neutras e mais abonecadas. Mais secas ou mais "gulosas". As bolachas, que dão para encher um ou dois corredores de um hipermercado, dariam para encher um só blogue. Chegou a hora de dedicar-lhes um post. Em comum têm a utilização de farinhas, açúcares e, não poucas vezes, grandes doses de gordura. Ou seja, coisas pouco compatíveis para quem é diabético, para quem quer perder peso ou para quem, não tendo ainda nada destes males, é ainda uma criança. 

O consumo de bolachas na população infantil é assustadoramente alta. Em Portugal mas não só. E essa é uma das razões, não a única, seguramente, para a prevalência cada vez mais preocupante de obesidade infantil. O problema - é bom que isto se diga, até para não diabolizar a pobre da bolacha - não é comer uma. O problema é que as bolachas são como as cerejas: atrás de uma vem sempre outra. E, de uma penada, cinco ou seis bolachas ou um pacotinho fornecem uma dose de açúcar e calorias superior à desejável.

Ao longo deste post vou dar exemplos. Exemplos práticos, com marcas conhecidas do mercado. Não me move qualquer intuito comercial, nem, pelo contrário, qualquer intuito persecutório. Aqui não estarei a atacar ou a defender ninguém: nem a colocar em causa a qualidade da produção. Tão só informação nutricional. Esta é uma descoberta constante, diária. Também eu a vou fazendo. O importante é que tenhamos a informação, saibamos ler os rótulos para que, depois, cada um faça em consciência as suas escolhas. Porque se estivermos dependentes dos anúncios, das cores das embalagens ou das mensagens publicitárias subliminares ("Energia para o teu dia a dia", "A forma certa de perder peso", "Leva a tua fibra no bolso", "Sabor crocante", etc) , a escolha será sempre emocional e não racional.

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O que temos aqui, neste prato? Onze variedades de bolachas, de tamanhos, sabores, constituições e cores diferentes. 

 

Ursinhos Chiquilin (1 saqueta 40 gramas)

200 Kcal, 6 g de gordura, 28 g de hidratos de carbono (dos quais 10 g de açúcar). 

Mini oreos (1 saqueta de 25 gramas)

118 kcal, 5,3 g de gordura, 16 g de hidratos de carbono (dos quais 10 g de açúcar).

Bolachas Strudel Pingo Doce (por 2 biscoitos)

171 kcal, 6,8 g de gordura, 25,1 g de hidratos de carbono (dos quais 12 g de açúcar)

Bolachas Tuc com sésamo (por sete bolachas - 25 g)

125 kcal, 6 g de gordura, 15 g de hidratos de carbono (dos quais1,8 g de açúcar)

Bolachas Digestiva Aveia - Gullón sem açúcar acrescentado (por bolacha)

60 kcal, 2,4 g de gordura, 8,9 g de hidratos de carbono (dos quais 0,1 g de açúcar)

Galetes de Milho Salutem (por galete)

23 kcal, 0,06 g de gordura, 5 g de hidratos de carbono (dos quais menos de 0,03 g de açúcar)

Água e sala Crackers! Integrais Pingo Doce (1 saqueta - 35,7 g)

153 kcal, 4,4 g de gordura, 23,4 g de hidratos de carbono (dos quais 0,8 g de açúcar)

Bolacha Maria Continente (1 saqueta de 4 bolachas - 25 g)

106 kcal, 2,3 g de gordura, 19 g de hidratos de carbono (dos quais 5 g de açúcar)

Fibra Línea 3 cereais Cuétara (1 bolacha - 9,8 g)

46 kcal, 1,8 g de gordura, 6,1 g de hidratos de carbono (dos quais 2 g de açúcar)

Fibra Línea Integral Antiox Cuétara (1 bolacha - 5,1 g)

23 kcal, 0,9 g de gordura, 3,2 g de hidratos de carbono (dos quais 1 g de açúcar)

Avenacol da Cuétara (1 bolacha - 8,7 g)

40 kcal, 1,5 g de gordura, 5,7 g de hidratos de carbono (dos quais 1,8 g de açúcar)

 

Outras bolachas de que que toda a gente gosta:

Coríntias Triunfo (1 bolacha - 6,5 g)

30 kcal, 1,1 g de gordura, 4,6 g de hidratos de carbono (dos quais 2 g de açúcar)

Shortcake Triunfo (1 bolacha - 10 g)

48 kcal, 2 g de gordura, 6,8 g de hidratos de carbono (dos quais 2,3 g de açúcar)

Belgas Triunfo (1 bolacha - 9 g)

43 kcal, 1,6 g de gordura, 6,4 g de hidratos de carbono (dos quais  2,7 g de açúcar)

Digestivas Nacional (1 pacote - 30 g)

142 kcal, 6,2 g de gordura, 19 g de hidratos de carbono (dos quais 3,9 g de açúcar)

Água e Sal Vieira de Castro (por 100 g de produto)

413 kcal, 8,3 g de gordura, 73,8 g de hidratos de carbono, 6,4 g de açúcar

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10 coisas que não se podem dizer a um diabético

por Nuno Azinheira, em 12.07.16

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1 - "És diabético? Coitado pá, isso é uma seca para a vida inteira"

Sim, nós sabemos que é para a vida inteira mas não vale a pena dizer com esse ar. Além disso, a Diabetes, sendo uma doença crónica e, portanto, motivo de vigilância constante, pode e deve ser um excelente pretexto para uma reeducação alimentar e de estilo de vida.

 

2 - "Isto não podes comer, pois não?"

Posso, posso. Antigamente, havia uma visão muito restritiva do regime alimentar que um diabético devia seguir. Hoje, de acordo com todos os médicos, estudos e livros da especialidade, o diabético pode comer de tudo, desde que com moderação. E que tenha noção que as opções que toma em determinado momento têm de ser compensadas nas refeições seguintes. A minha mãe, diabética, e que me tem ajudado muitíssimo neste processo, diz uma coisa com piada: "Eu posso comer. Mas não devo". É isto.

 

3 - "Olha, estou a combinar um jantar com amigos cá em casa. Queres vir? Queres que te faça uma canja sem sal?"

Uma canja sem sal? Mas estou no hospital e ninguém me disse nada? Se fizeres canja para todos, podes fazer que eu gosto muito. 

 

4 - "Tens de te picar todos os dias? Que seca!"

Há quem se pique todos os dias e goste. Diz que dá uma grande pedra. Mas não, nunca foi a minha cena. Sim, um diabético tem de se "picar" todos os dias. É a menor das complicações. A medição de glicemia deve ser diária (duas a três vezes ao dia). Sobretudo no início, é preciso perceber que tipo de impacto têm alterações e comportamentos na quantidade de açúcar no sangue. Por exemplo: antes e depois de exercício físico. A autovigilância é fundamental. E não vale a pena enfiar a cabeça na areia.

 

5 - "E que tal irmos comer um gelado? Ai, desculpa, tu não podes"

E se fosses à merda? O diabético aqui sou eu, não és tu. Se te apetece um gelado, vamos lá comer o gelado. Eu posso não comer. Ou posso comer, se me apetecer. Mas essa decisão é minha, não tua. Este arrependimento, esta espécie de sentimento de culpa que os amigos sentem depois de dizerem coisas banais, não faz sentido. Um diabético é um tipo normal, que apenas tem de ter mais cuidado com a sua alimentação. O mundo não gira à sua volta. É verdade que namorados(as), parceiros(as), amigos(as) e familiares são importantes no apoio que devem dar ao diabético, mas não o tratem com pena. Ele não merece. Mas sobretudo, não precisa.

 

6 - "Ai, eu não teria essa coragem!"

Não terias? Mas achas que sou algum herói porque estou a tentar mudar a minha vida e os meus hábitos alimentares e estilo de vida? Aqui não é uma questão de coragem. Ou é ou não é. Ou mudas ou morres. De repente ou, muito pior, lentamente, degradando a tua qualidade de vida e a dos que amas.

 

7 - "Porra, só vais comer isso? Não vais aguentar!"

Eh pá, obrigadinho pela motivação. O registo não é esse, ok? O registo é: "boa, assim é que é. Estou aqui para te ajudar, para te motivar. Continua, já se nota a evolução. Vais sentir-te muito melhor".

 

8 - "Olha, dei aqui uma volta à cozinha e arrumei as minhas coisas num armário. Aquele armário fica só para as tuas coisas"

Nunca gostei nada da cena "férias conjugais": aquela história moderna de casais que tiram uma semana de férias um do outro. Para descansar um do outro. Respeito, mas não entendo. "Cozinhas conjugais" também é uma cena que não me assiste. Entendo o objetivo e acho-o fofinho: "eu só quero que não caias em tentação, por isso escondi as Oreo". Pois, mas eu tenho de aprender a conviver com as Oreo todos os dias. Tenho de olhar para elas e saber que não devo comer. Não é escondendo, proibindo. O que tem de mudar é a cabeça do diabético, não é a vida das outras pessoas.

 

9 - "Quero lá saber se isto é um excesso de comida.
Ao menos se morrer, vou de barriguinha cheia"

É um disparate dizer isto. Não é um disparate dizer isto a um diabético, é um disparate dizer isto. Ponto. A um diabético recente, que está a fazer um esforço para mudar os seus hábitos de vida, é ainda mais. A vida são as nossas escolhas. Sei que isto parece uma frase do Gustavo Santos, mas é mesmo verdade. Ter noção dos nossos excessos e saber corrigir não é um ato de coragem, é um ato de inteligência. Falo de barriguinha cheia (literalmente). Passei anos a cometer excessos alimentares. 

 

10 - "Agora só falas de disso. Tornaste-te um fundamentalista, uma seca!"

É um risco, de facto. Tenho absoluta noção que nas últmas semanas falo muito disto com as pessoas que me estão mais próximas. É uma forma de me motivar, de promover resultados, de estimular incentivos. E já agora, sem querer ser um exemplo para ninguém (não sou, recuso essa ideia), alertar outras pessoas na mesma situação ou em pré-diabetes. Não quero tornar-me um radical, um fundamentalista. Há quatro anos deixei de fumar e quem convive comigo sabe que não tornei um fundamentalista da luta antitabágica. As pessas podem fumar no meu carro e em minha casa. Tenho lá cinzeiros à vista e tudo. E até tabaco, para os mais esquecidos. O que não quer dizer que não alerte de vez em quando amigos meus para o número de cigarros que estão a fumar. Com isto é a mesma coisa. Agora estou entusiasmadíssimo e isso nota-se na conversa. Não quero (e não vou) perder esse entusiasmo, mas espero que, em breve, se possa notar apenas na saúde, nas análises, na perda de peso e na roupa. Não quero ser um chato insuportável.

 

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