Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Trinta quilos depois...

por Nuno Azinheira, em 28.11.16

Captura de ecrã 2016-11-28, às 08.52.18.png

E de repente passaram 30 quilos. Isso, exatamente. Trinta quilos! Sem dietas milagrosas, sem chás, sem sopas de pacote, sem seivas e jejuns, sem banda gástrica. Apenas pela reeducação alimentar e pela prática de exercício físico. O "apenas" é uma força de expressão. É mais uma força de vontade, que a Diabetes Tipo 2, diagnosticada há pouco mais de cinco meses, fez despertar em mim. 

Perguntam-me frequentemente se tem custado muito. Se me tenho privado de muita coisa. E a resposta é sempre a mesma. Não. Não e não! E não é conversa, é verdade. Sábado almocei numa pizzaria, quarta-feira da semana passada comi um magnífico croquete na Padaria Portuguesa. Sem sombra de pecado. O que acontece é que isso passou a ser a excepção e não a regra. O que acontece é que passei a tomar todos os dias um pequeno almoço decente, com pouca gordura e com baixo teor de açúcar. O que acontece é que passei a comer mais vezes ao dia e menos de cada vez. O que acontece é que passei a diversificar a ingestão de alimentos, a procurar alternativas. O que acontece é que deixei de comer "qualquer coisa ali no café" ou a "tirar qualquer coisa da máquina". O que acontece é que passei a mexer-me: caminhadas ou ginásio. E mesmo quando não o consigo (e o último mês tem sido difícil do ponto de vista de disponibilidade física e mental - há muita coisa acontecer ao mesmo tempo), mudou o meu comportamento diário: "ontem" procurava deixar o carro à porta do sítio onde tinha de ir; "hoje" vou a pé. 

Captura de ecrã 2016-11-28, às 08.52.36.png

Passaram seis meses e muita coisa mudou em mim. Não são só os 30 quilos (caramba, 30! Nem acredito!), mas a consciência de que aquele outro, feito barril de pólvora, já não existe. Pode morrer de repente, claro, mas esses são os imponderáveis da vida. Este está cá. Inteiro, vivo e a fazer tudo para que a sua vida seja melhor. E viver melhor a vida não significa abdicar de tudo o que nos dá prazer à mesa. É por isso que as mil e uma dietas que fui fazendo nos últimos vinte anos, assentes na ideia da privação e da condescendência de "um dia do disparate", nunca resultaram comigo. A dieta resulta para quem tem cinco quilos a perder. Para casos como o meu é preciso mudar de raiz, é preciso reeducar, é preciso aprender a conhecer os alimentos, o seu valor nutricional e o seu impacto no nosso organismo.

Não sou exemplo para ninguém, mas sou um exemplo para mim. Admito que possa ser um caso inspirador, e fico feliz por saber que há gente que dá um passo por causa dos meus. Há um orgulho grande cá dentro. E um coração a bater de forma mais saudável. E é isso que me motiva a continuar. Mesmo que haja dias em que tudo parece mais difícil...

Autoria e outros dados (tags, etc)

Está na hora, não?

por Nuno Azinheira, em 02.11.16

relogio-despertador-meianoite-20111014-original2.j

 Olá a todos. É verdade que tenho andado arredio do blogue. Não é falta de interesse, nem a motivação a decrescer, fiquem descansados. Como pode a motivação decrescer se continuo a sentir os efeitos visíveis do meu novo estilo de vida? Em seis meses (4 meses e meio de diabético oficial + 1 mês e meio de ginásio antes da descoberta), os números continuam a crescer: 27 quilos perdidos. A glicemia mantém-se controlada em valores que oscilam entre os 85 e os 120 (perfeito!), a tensão arterial não ultrapassa os 13/8, a resistência ao exercício físico aumenta. Obviamente, sinto-me mutio bem do ponto de vista de saúde.

O último mês, porém, tem sido muito exigente do ponto de vista de trabalho, com várias solicitações profissionais, com o início do ano escolar, com novos cursos e mais aulas para dar, com mais trabalho jornalístico para coordenar, e com reuniões importantes para o futuro da Palavras Ditas. Por isso, está justificada a minha ausência por aqui. Não me levem a mal. De qualquer forma, tenho tentado alimentar quase diariamente a página do Facebook do Tipo 2 e também o meu Instagram está cheio de referências ao meu "novo eu".

Nestes últimos tempos tenho encontrado muita gente que não me via há meses. E os comentários são sempre os mesmos. Aos elogios, porque 27 quilos são 27 quilos e notam-se na roupa, seguem-se normamente as mesmas perguntas: "Tem custado muito?" "Cortaste com o quê?", "O que é que não podes comer?". As respostas são sempre as mesmas "Nada" e "Tudo". É verdade que não me privo de nada, embora evidentemente tenha deixado de comer as quantidades que comia a cada refeição e tenha interrompido o ciclo diário e vicioso de alimentos processados e fritos que me levaram ao ponto a que levaram. Mas quando digo que não me privo, é mesmo verdade. Ainda ontem, domingo, almocei num restaurante com o meu irmão mais novo, cunhada e sobrinhos e comi pão e um pouco de manteiga, e partilhámos uma picanha e um lombinho de porco. Tudo no churrasco, é certo, mas carnes vermelhas. E havia batatas fritas e esparregado. No final da semana passada, por exemplo, tinha comido numa pizzaria. Portanto, para acabar de vez com esse mito que só se pode perder peso "fechando a boca", é preciso dizer que é fundamental uma reeducação alimentar, mas não uma privação que, a médio prazo, só vai conduzir a vontades incontroláveis.

Estes seis meses de reeducação alimentar, aliados ao exercício físico e, naturalmente, a medicação para a diabetes têm sido essenciais. Ontem, descobri uma aplicação, o Storyo, que faz vídeos giros e simples com fotos escolhidas por nós. Aqui está o filme alimentar dos meus últimos seis meses. E podem ver a variedade e o ar apetitoso de cada coisa. Não como todos os dias peixe cozido ou peixe grelhado, como veem. É verdade que não estão cá os dois ou três rissóis que comi neste período, nem o croquete de espinafres que comi, há uma semana e meia, na Padaria Portuguesa, para matar saudades. Mas não me privei deles. Eles estão cá no meu organismo e foram bem recebidos, sem alteração dos valores vitais que agora me orientam. Mas quando penso no que como agora e no que comia há seis meses, assaltam-me dois sentimentos contraditórios: "que bom que isto está a ser e a resultar!", por um lado, e "que estúpido que eu fui durante tantos anos!". Ontem, o tal meu irmão de que já aqui falei, elogiava o caminho que tenho feito. Ele é médico veterinário e, apesar das diferenças, estudou disciplinas centrais da medicina. Sempre que eu começava em dieta, ele dava-me força, mas sorria. Do género "pois, pois...". Ontem, no decorrer da conversa, e quando lhe falava dos 8 números de calças reduzidos, das T-shirts XXL que já uso para o ginásio (em vez das 5XL de há sete ou oito meses), das camisas quatro números abaixo e de tudo isto, perguntei-lhe diretamente: "Conta lá, nunca acredistaste que isto seria possível, pois não?". Ele sorriu e anuiu. "Era difícil acreditar. Se calhar, nem tu acreditavas".

É verdade. Mas eis a prova de que é possível. Sempre vos disse aqui que não quero ser um exemplo para ninguém. Mas também não quero desvalorizar esta caminhada que, orgulhosamente, tenho trilhado. E por isso, deixo-vos a pergunta em jeito de desafio: se eu estou a conseguir, por que raio não hão-de conseguir vocês? Certo? Essa é a pergunta que devem fazer a vocês próprios. E acreditem: por mais ajuda que tenham, é sempre em vocês que está a mudança. É sempre de vocês que deve partir a atitude. Força!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Feira dos Tecidos. Promoções! Vendo barato!

por Nuno Azinheira, em 20.10.16

Captura de ecrã 2016-10-20, às 10.02.50.png

Captura de ecrã 2016-10-20, às 10.03.10.png

Seis meses depois de me ter voltado a inscrever no ginásio e quatro meses após a descoberta de que sou diabético Tipo 2, há passos firmes que foram dados. Mudanças profundas. Interiores, em primeiro lugar. E que se refletem muito claramente no exterior (aparência física) e na minha saúde. Ao longo destes meses, tenho deixado por aqui as marcas dessas mudanças, tenho partilhado convosco, aqui no blogue ou na página de Facebook do Tipo 2, as minhas opiniões, a minha nova alimentação, a minha prática continuada de exercício físico, os desafios que me coloco a mim próprio e as motivações que se seguem.

Confesso-vos que me é agradável e motivador ver os olhos de espanto e ouvir os comentários daqueles que não me veem há quatro ou cinco meses. Para os que comigo lidam todos os dias, as mudanças também são notórias, mas não é possível ter essa percepção tão clara. Eu, que há 42 anos me aturo, convivo comigo diariamente e, sim, vou sentindo quase todos os dias as alterações no meu corpo e no meu metabolismo. Primeiro, nas coisas práticas:

- A minha tensão está controlada e em valores que oscilam entre os 12/7 e os 13/7;

- A minha glicose no sangue (glicemia) varia, em média, entre os 85 (antes das refeições) e os 120 (depois das refeições) mg de açúcar por decilitro de sangue (os valores referência dos diabéticos vão até aos 160 mg/dl);

- O meu colesterol e triglicéridos estão em valores saudáveis;

- Passei a dormir perfeitamente, sete/oito horas por dia, sem acordar a meio da noite e com um sono pendular (acordo religiosamente às 08.30, sem despertador);

- Deixei de ter azia, sensações de enfartamento, pernas inchadas, dores nas costas;

- Aumentei a minha resistência física: hoje subir três andares de escadas ainda me deixa cansado, mas não à beira de um colapso;

- Perdi 24 quilos;

- Perdi 25 centímetros de perímetro abdominal, ou seja de barriga, a zona mais perigosa dos obesos, porque é lá que está concentrada a gordura visceral, aquela potencialmente mais perigosa para o coração;

- Baixei a matéria gorda do meu corpo em 5 pontos percentuais.

Isto é o mais importante de tudo: é o que me devolve anos de vida e, sobretudo, qualidade de vida.

Captura de ecrã 2016-10-20, às 10.11.12.png

 A acompanhar a isto, há o outro lado: a roupa. Em seis meses, estou a uns passos de deixar de vestir na secção de "Tamanhos Grandes", apesar de ainda continuar a ser grande. Em calças, por exemplo, tenho tido grande dificuldade, porque 25 centímetros de cintura perdida significa baixar cinco ou seis números de calças (que saltam de dois em dois, portanto 10 ou 12!). A estrutura do corpo mudou também. A largura de ombros é hoje menor, o que faz que as camisas que vestia não as possa mais vestir. As costas endireitaram, porque o peso que a coluna suporta é menor, a barriga é menos saliente.

Há dois dias decidi fazer uma limpeza nos meus armários. Tinha de ser. E o resulado foi muito divertido, mas ao mesmo tempo preocupante. Não tenho hoje um fato, um blazer ou um casaco que me fique bem. Metade das camisas passaram a ser camisas de noite.

Captura de ecrã 2016-10-20, às 10.22.13.png

E, das três, uma: ou o OLX cria uma secção de "Tamanhos Grandes" para eu poder fazer alguma receita com a roupa que já não visto (muita dela de marca e alguma dela com muito pouco uso); ou faço uma venda de garagem (!) ou lanço uma promoção tipo "Feira dos Tecidos. Novos padrões para cortinados. Vendo barato!".

É óbvio que esta é a chamada "boa dor de cabeça". Claro que vou ter de gastar dinheiro em roupa, e muito provavelmente, não rentabilizo em nada a roupa que já não uso. Mas é um ótimo sinal e altamente moralizador. Felizmente, nos últimos anos eu cometia um erro muito frequente: comprava camisas ou casacos uns números abaixo do que vestia para me incentivar a perder peso. Algumas dessas peças de roupa ficaram arrumadas no armário durante dois anos, sem nunca terem sido usadas. Passaram agora a ter serventia. Mas há outro problema: o investimento em roupa tem de ser tranquilo e em pequenas quantidades de cada vez. Porque a batalha contra o excesso de peso está longe de terminar e estou motivado a continuar, mesmo sabendo que os progressos serão, a partir de agora, mais lentos e mais difíceis. Mas eu vou continuar a perder peso, vou continuar a moldar o meu corpo. Portanto, estar a comprar agora muita roupa pode significar a prazo voltar a ter o mesmo problema. Vamos com calma, pé ante pé. Continuando a lutar, sem desistir. Sabendo que cada passo que dou é um passo para me sentir mais forte e mais saudável. E sabendo que isto só se consegue com a medicação antidiabética que tomo e, sobretudo, com a articulação de dois critérios fundamentais na mudança do estilo de vida: uma alimentação variada, de baixos hidratos de carbono (açúcares), e a prática sistemática de exercício físico. E quando digo sistemática não significa horas de caminhada ou de corrida todos os dias. Nem toda a gente tem paciência, e sobretudo tempo, para isso. Aliás, deixem-me que vos diga: para o metabolismo são mais frutuosos 20 minutos de caminhada a pé todos os dias do que duas horas de corrida uma vez por semana. Por falar nisso, escrever este post atrasou-me. E já não vou a tempo de caminhar agora: vai ter de ficar mais para o fim do dia. 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

A importância de não nos fecharmos numa concha

por Nuno Azinheira, em 15.10.16

Captura de ecrã 2016-10-15, às 13.34.35.png

Acordei. 08.17. Lá fora chovia a cântaros. Era forte o som da chuva a cair nos telhados de Lisboa. As previsões apontavam para a probabilidade de umas pingas, sim, mas nada que pudesse assustar. E logo hoje que me tinha inscrito, pela primeira vez, nos Sábados Desportivos que a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal promove em dois sábados de cada mês. Ainda por cima, tinha vindo aqui ontem desafiar-vos a virem comigo e a conhecerem-me pessoalmente, depois destes meses em que temos partilhado desabafos, motivações, frustrações, preocupações e experiências de vida.

Não, eu não podia faltar. Mas chovia. Lá fora chovia a cântaros. Continuava forte o som da chuva a cair nos telhados de Lisboa. Peguei no telemóvel, confirmei na aplicação de meteorologia que, sim, a probabilidade de chover ao longo do dia era forte (60%). Batia certo. "E agora? Vou de calções e T-Shirt para o Lumiar e corro o risco de apanhar uma molha e não estar lá ninguém?" ou "Falto ao meu compromisso, invocando a ira dos deuses e fico na cama?". 

Não podia ser. Os últimos quatro meses têm sido de batalha, de coragem, de sentido de responsabilidade e, sem que esse fosse o meu objetivo inicial, tornaram-me também um exemplo, uma fonte de inspiração aos olhos de que me lê aqui no blogue ou no Facebook. Não queria entrar numa de "Bem prega Frei Tomás". Não podia prometer uma coisa e depois falhar. Apenas por conforto de ficar na cama.

Captura de ecrã 2016-10-15, às 13.37.19.png

Levantei-me a medo. Fui à janela. Ao fundo a Ponte 25 de Abril, o Tejo e umas nuvens carregadas. Os vidros molhados. A chuva caía. Voltei a deitar-me e a enroscar-me na almofada. Nisto, providencialmente, toca o despertador, que eu tinha colocado para as 08.30. Simbólico. Se é para despertar, é para despertar. 

Levantei-me, tratei do pequeno-almoço, da medicação e de mim. Vesti os calções e a T-Shirt, calcei os ténis. Na mochila coloquei uma garrafa de água, uma maçã e duas bolachas de fibra e gengibre, mais o glicómetro e a carteira. Por via das dúvidas, preparei a mochila para o ginásio. Se lá chegasse ao Lumiar, e não estivesse ninguém, ia praticar exercício indoor.

No caminho não parou de chover. Mas eu não desisti e segui a minha rota, em busca do Parque das Conchas, no Lumiar, onde nunca tinha entrado na vida. Quando cheguei e estacionei o carro, vi dez pessoas à porta da entrada junto à saída do Metro (era o local combinado). Eram todos mais velhos do que eu. Não sei se tinham "ar de diabético" (o que é isso, afinal?), mas percebi que, sim, aquela era a minha gente. Gente como eu, interessada em fazer exercício, sofrendo da mesma doença do que eu, e procurando, melhor ou pior, aumentar a sua qualidade de vida. Na frente do grupo, um amigo antigo, o João Antunes,  velho companheiro dos tempos dos relatos na saudosa Rádio Ocidente. Ele já tinha prometido ontem que viria, quando eu desafiei toda a gente. Prometeu e também cumpriu. Nos minutos seguintes, juntaram-se mais cinco ou seis pessoas. E conheci a Ana Rodrigues, a professora de Educação Física que trabalha para a APDP e que, percebi logo, tinha já uma grande empatia com todos ("os meus meninos", como disse repetidamente). Apresentámo-nos, e a seu pedido falei-lhe do meu historial. As duas horas que se seguiram foram excelentes: caminhada de três quilómetros pelo parque, muito bonito, com zonas relvadas e outras de pinhal, subidas e descidas; exercícios de força, flexões, elasticidade e resistência, e alongamentos no final. Gargalhadas, histórias de partilha e de superação. Antes e depois do exercício medimos a glicemia. E todos constataram a descida dos valores com a prática da atividade.

No final pedi para tirar uma selfie, uma foto de família, que, expliquei previamente, seria para publicar aqui. Ninguém se importou e todos apareceram para a foto. No fundo, a ideia era essa. Partilhar. É esse o caminho, o objetivo. Uma partilha entre iguais, para desmistificar a diabetes e perceber que a vida pode ser melhor mesmo com a doença. No meu caso, seguramente, sobtetudo por causa da doença. Dentro de 15 dias, se não tiver qualquer compromisso inadiável, voltarei lá. Fiquei fã. E atenção: a iniciativa, que é de inscrição gratuita, não é válida apenas para diabéticos. Qualquer um pode aparecer, e juntar-se ao grupo. Venham. O pior que pode acontecer é fecharem-se na vossa própria concha...

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Está na altura de nos conhecermos, não?

por Nuno Azinheira, em 14.10.16

Captura de ecrã 2016-10-14, às 10.43.12.png

 

Tenho um desafio para vos fazer. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal promove todos os meses uma iniciativa chamada "Sábados Desportivos". Por estranho que possa parecer, decorre aos sábados! Este sábado, dia 15, é um desses dias. Decorre no Parque das Conchas, no Lumiar (a concentração é na entrada mais perto à saída do Metro, linha amarela), e, segundo me foi explicado, a atividade é monotorizada por um professor de Educação Física especializado na temática da Diabetes.

O Sábado Desportivo decorre entre as 10h00 e as 12h30 e a entrada é gratuita. O público é muito heterogéneo: gente magra, gente gorda, mais novos (já participaram crianças com dez anos), mais séniores (a APDP disse-me que há um senhor comm 78 anos que participa de vez em quando...). As duas horas e meia são compostas de caminhada e de exercícios ligeiros que o professor nos pedirá de acordo com as nossas capacidades.

Nunca participei em nenhuma destas atividades, mas acho muito meritório o trabalho clínico, social e de integração que a APDP faz. E, por isso, decidi participar na edição deste sábado. As explicações que me foram dadas por telefone chegaram para me convencer. E creio que podem convencer-vos a vocês também. Para os mais velhos: "não vai só malta nova!". Para os mais novos: "não vão só 'cotas'!". Para os magros: "não vão só gordinhos!". Para os gordinhos: "não vão ser os únicos barrigudos!".

Assim sendo, só há duas coisas que vos fará faltar: ou o trabalho, ou a inércia. Se estão a trabalhar, está justificado. Se é mesmo por inércia, toca a combatê-la, a tirar o rabinho da cama e vir experimentar pela primeira vez. Tem outro aliciante: ficam finanalmente a conhecer o Tipo 2.

Podem inscrever-se  através do 213 816 112. É melhor para eles terem uma noção do número de pessoas que terá o grupo. Mas se quiserem aparecer por lá sem dizer nada também podem. Muito importante: não têm de ser diabéticos nem sócios da APDP. A iniciativa é aberta a sócios, não sócios, pacientes, acompanhantes, não diabéticos. Basta ter vontade em fazer qualquer coisa para sermos saudáveis.

Vá, tomem uma decisão! Façam exercício físico (é um dos eixos fundamentais dos resultados que já obtive em quatro meses: 22 quilos perdidos, 23 centímetros de perímetro abdominal perdidos, glicemia estabilizada nos valores normais, colesterol e triglicéridos impecáveis, tensão arterial controlada). Não se desculpem com o tempo: sim, vão estar nuvens, sim, pode haver umas pingas, mas não vai chover a potes. Não inventem desculpas. Vamos?

Já vos disse que vou lá estar? ;)

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Captura de ecrã 2016-10-9, às 11.25.00.png

Bom domingo! Tenho andado um pouco arredado do blogue, porque a minha vida está um relativo caos. Com o arranque do ano letivo na ETIC (sou coordenador dos dois cursos de Jornalismo da escola), os meus dias têm sido cheios de reuniões com alunos, professores e direção. É natural, as aulas começam esta semana. Acresce a minha atividade corrente na Palavras Ditas, enquanto gestor, professor e jornalista, e dá para perceber que se o dia tivesse mais de 24 horas, ele estaria preenchido.

Não pensem, portanto, que vos abandonei. E, mais importante que isso, apesar de tudo, não temam que me abandonei. Não, o caminho que iniciei em abril no ginásio e em junho com a descoberta da Diabetes continua firme. Há passos sustentados dados em frente e que não voltam atrás. Não, desta vez, garanto, não voltam mesmo atrás. Por mim. 

Vamos então ao resumo da matéria dada: há uma semana participei pela primeira vez na minha vida numa prova coletiva, a Mini Maratona de Lisboa. Foram 6,5 quilómetros de emoções (a primeira vez é sempre especial), mas do ponto de vista físico foi uma prova pouco exigente, até porque estou habituado a caminhar em média 10 quilómetros.

Na terça-feira recebi excelentes resultados na Associação Protectora de Diabéticos de Portugal: mais seis quilos perdidos e mais  sete centímetros de perímetro abdominal deitados abaixo. No total, desde o arranque desta "Operação Saúde", já lá vão 22 cm na barriga e 23 quilos ao ar. É obra! 

Captura de ecrã 2016-10-9, às 10.58.30.png

Na quarta-feira, aproveitando o feriado, bati o meu recorde pessoal de quilómetros percorridos: 17,8 km numa só caminhada. Saí de casa, percorri o bairro de Alcântara, cruzei a avenida de Ceuta, e segui pela Rua das Janelas Verdes, subi toda a Avenida Infante Santo (que não é fácil), atravessei o Jardim da Estrela, desci até ao Rato pela Álvares Cabral, subi às Amoreiras pela D. Pedro V (também ela uma avenida com uma inclinação bem acentuada), e depois rumei até ao Parque Eduardo VII. Do alto, contemplei a vista e desci: Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Rossio, Rua do Ouro, Terreiro do Paço, Cais do Sodré e de novo Alcântara. Mais de três horas a caminhar. Foi um treino exigente, sobretudo nas subidas, mas muito estimulante. O dia não acabou ali. À tarde estive a ajudar na inauguração do novo hospital veterinário do meu irmão Diogo e da minha cunhada Susana, a Alma Veterinária. Ao fim do dia, a aplicação do telemóvel não permitia ilusões: 19,2 km percorridos. Um dia fantástico, que, no entanto, deixou marcas físicas intensas nos músculos, de que só ontem comecei a recuperar.

Captura de ecrã 2016-10-9, às 11.03.47.png

Curiosamente, enquanto escrevo estas linhas, recebo uma notificação no meu telemóvel de uma das aplicações que me ajuda no exercício físico. E o que diz a notificação? Que esta última semana foi a minha melhor de sempre no que toca a quilómetros percorridos. Este tipo de incentivos são fundamentais, sobretudo para alguém que, como eu, até há poucos meses, não andava a pé e fazia tudo de carro.

Nestes últimos dias de repouso físico, fui alertado por um amigo para um texto de um jovem estudante de jornalismo, que conheço pessoalmente, que é formando na Palavras Ditas (façam like na página de facebook, já agora!). O L. é aquilo a que se pode chamar um "gordinho": não é gordo no sentido de obeso, mas tem, de facto, uns quilos a mais. Nunca falei com ele sobre esse assunto (aliás, as nossas conversas, pouco frequentes, nas redes sociais limitam-se a assuntos da área do jornalismo e da formação profissional), nem sabia tão pouco que ele era leitor do Tipo 2.

O post que o L. escreveu no seu próprio perfil de Faceboook emocionou-me muito. Porque deu mais um sentido à decisão que tomei na minha vida e a que dei o nome de #escolherviver. É disso que se trata: entre morrer lentamente ou viver, eu escolhi viver. Quando confrontado com o texto do L., comentei-o, mandei-lhe uma mensagem e agradeci o gesto. Dei-lhe força para o início da sua batalha. E pedi-lhe autorização para falar dele aqui no blogue. Ele concedeu-ma.

Captura de ecrã 2016-10-9, às 11.11.00.png

E o que diz o texto?: "Sim, este sou eu. Com 23 anos a caminho dos 24 e com uma idade metabólica de 38 anos, ou seja, o meu metabolismo porta-se como se eu tivesse esta idade. Este é o meu peso. E este é primeiro dia do resto da minha vida. Há 5 dias que não toco num doce ou guloseima. Para vocês não é nada, para mim é uma vitória (ainda que mínima). Muitos de vós não conhecem o jornalista Nuno Azinheira, e ele não sabe disto, mas foi ele que me inspirou através dos seus posts diários e da sua evolução. Ele usa uma hashtag chamada #escolherviver. Tem feito um percurso extraordinário na sua perda de peso e ganho de hábitos saudáveis. Ele não sabe. Mas foi ele que, sem o querer, me motivou com as publicações que tem feito. E fui eu que decidi que não quero ter diabetes (e tenho na família uma pessoa com essa doença, o que agrava), que não quero ter problemas de saúde por uma coisa que depende de mim. Única e exclusivamente de mim. E já tinha feito e desfeito dietas. Por estética, sempre. Já tinha ganhado e perdido peso. Desta vez, é a sério. Desta vez não é pela estética. Desta vez é pelo nosso bem mais precioso, a saúde. Posso vomitar o chão, como hoje tive vontade quando saí do ginásio porque há quase 3 anos que não me mexo, posso ficar com as pernas a tremer como se de um ataque se tratasse, como hoje, posso estar todo partido, mas o objetivo são os 70kg. Vai ser muito difícil, como eu nunca pensei que fosse (não consegui fazer mais que 8 abdominais), mas esta é a minha força - minha vontade. A minha motivação."

É um texto lindo, muito emocionante, porque escrito por um jovem consciente que não apanhou qualquer susto. Um jovem que decidiu mudar porque sim, porque quis, porque percebeu que pode ter uma vida melhor. É um texto lindo e emocionante porque assume que encontrou no meu exemplo uma força para desencadear a sua força. E isso toca-me muito, naturalmente. Tenho uma amiga de Facebook, também ela jovem, também ela estudante de jornalismo, que tem peso a mais. Há duas semanas disse-me, em jeito de questão, se poderia começar a fazer umas caminhadas comigo. Disse-lhe que sim, claro. 

Quando aqui cheguei à blogosfera, disse ao que vinha. Que não me queria esconder, que queria assumir publicamente o meu combate contra a Diabetes Tipo 2. Que este blogue seria o meu compromisso público, a minha força de partilha, e que se ele ajudasse outras pessoas em igual situação, me sentiria muito feliz. Hoje sinto-me muito feliz com esta dimensão da minha vida. O que já perdi em peso, em açúcar, em colesterol elevado, em tensão arterial desequilibrada, ganhei em anos de vida. É verdade que, daqui a pouco, à saída de casa, me pode cair um piano em cima, mas esses imponderáveis eu não controlo. Esta parte da minha vida, sim, eu controlo. E seria uma estupidez que, podendo controlar, podendo ditar a saúde e a minha qualidade de vida, não aproveitasse essa faculdade racional que os seres humanos possuem. 

Captura de ecrã 2016-10-9, às 11.38.02.png

 Obrigado ao L. e a tantos outros que me têm incentivado de todas as maneiras. Obrigado aos que no Facebook, ao do Tipo 2 e ao meu pessoal, me dizem na brincadeira que hoje valho "metade" do que valia há seis meses. Obrigado aos que se espantam quando me veem. Obrigado às funcionárias das lojas onde me visto que já me trazem roupa oito números abaixo e que me dizem, com um sorriso, "mais uns meses e deixa de pertencer à secção "Tamanhos Grandes"". Obrigado aos que vibram com este meu sucesso. Obrigado aos que sorriem e me fazem likes. Todos fazem parte desta caminhada. Todos são responsáveis pelo facto de esta hastag do Instagram #escolherviver fazer cada vez mais sentido. Aos que ainda não acordaram, e são tantos!, está na hora. Acreditem: ninguem faz nada por nós. Nós (todos juntos) somos a nossa própria inspiração!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Captura de ecrã 2016-10-4, às 18.27.13.png

Esta foto foi tirada hoje à porta Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. À saída, claro. Não veem o sorriso? Mesmo que o vejam, não conseguem perceber a exata proporção do que sinto interiormente. Podem ter uma vaga ideia, mas não dá para perceber o turbilhão de sensações. Vocês têm acompanhado aqui este meu percurso, têm feito parte dele de forma entusiasta (foi por isso que criei este blogue, lembram-se?) e, portanto, é justo que compartilhe convosco aquilo que, em palavras, consigo partilhar. As lágrimas que me correram hoje, sem vergonhas nem pudores, à frente da médica, quando ela me mostrou os resultados das análises, isso não consigo descrever por palavras. Sei que me entendem. 

Acabo de sair da APDP e da minha terceira consulta, desde que a 19 de junho me foi diagnosticada a Diabetes Tipo 2. Nesse dia, tinha 329 mg de açúcar por decilitro de sangue. Hoje, três meses e meio depois, tinha 89 mg/dl. O melhor teste, porém, já aqui o tinha dito, é o da hemoglobina glicada (ou glicosada), o valor médio de três meses de glicemia. Esta é a medida de referência usada clinicamente para diagnosticar o quadro de diabetes e aferir a evolução do paciente.

Captura de ecrã 2016-10-4, às 18.27.25.png

Pois, se bem se lembram (contei aqui!), a 2 de agosto, apenas com um mês e picos de mudança de estilo de vida, o meu valor ainda era muito alto (9,1%), se atendermos ao valor-referência: o ideal é que o número esteja abaixo de 6,5/7. Hoje, 4 de outubro, a minha hemoglobina é perfeita: 6,4%. Um valor de alguém saudável!

No que toca a pesos e medições, os resultados não poderiam ser mais inspiradores e recompensadores: no espaço deste último mês perdi mais seis quilos, graças à conjugação "reeducação alimentar + exercício físico + medicação", e reduzi a minha cintura (o famoso e perigoso perímetro abdominal) em 7 cm. Isto significa que desde que iniciei o tratamento na APDP, perdi 12 quilos e 22 centímetros de barriga. O resultado é ainda mais espantoso se recuar a abril, quando me inscrevi no ginásio. Em seis meses perdi 23 quilos. Não é gralha, são mesmo 23 quilos. O meu índice de massa corporal baixou 5 pontos percentuais. Na prática isto diz uma coisa fundamental: é preciso continuar este caminho. Mas cá dentro,  meus amigos, cá dentro da cabeça é uma enorme volta. A começar pelo rótulo. Desde hoje deixei de ser um Obeso Grau III, e passei a ser um Obeso de Grau II. Pior ainda: abandonei, de acordo com os padrões de aferição do IMC (índice de massa corporal), o pavoroso escalão da Obesidade Mórbida. As palavras não são ocas, têm significado, têm peso. E às vezes, mesmo para um tipo bem resolvido e com uma autoestima alta, as palavras pesam toneladas.

No domingo passado passei pelo CascaiShopping e comprei um par de calças. Constatei que o meu número (aquele que tinha comprado há um mês e meio, quatro números abaixo do que vestia há quatro meses) já era grande de mais. A funcionária sugeriu-me um número abaixo. Ainda ficavam a bailar. Foram dois números abaixo. Ou seja, reduzi seis números (equivalente a 12, uma vez que as calças saltam de dois em dois...). 

Ao longos dos últimos dias, nas redes sociais, tenho colocado fotografias e rececebido centenas de simpáticos "likes" e dezenas de calorosos comentários. Com alguns emocionei-me. Outros fizeram-se sorrir. A todos agradeço. Muitos tinham um denominador comum: por um lado, o espanto e as felicitações; por outro, a ideia subjacente à frase "como vês, o esforço compensa". Tenho pensado muito nisso, nesta última ideia. Mas qual esforço? Acreditem, não estou a fazer género. E percebo que seja difícil perceber que esteja a ser sincero. Se fosse verdade, se fosse fácil perder peso no meu caso, não teria ultrapassado os 140 quilos, como cheguei a pesar. Mas, para ser honesto comigo, tenho de vos dizer: não tem havido esforço. Tem havido rigor, força de vontade, capacidade de resistência, uma grande entrega e, mais importante que tudo, um grande respeito por mim. É isso mesmo. Um grande respeito por mim. Mas esforço? Não. Habituei-me a fazer exercício físico porque era imprescindível. Tinha de ser. Hoje apaixonei-me por caminhadas.

Captura de ecrã 2016-10-4, às 19.25.49.png

Tanto que, como sabem, no domingo passado me inscrei na primeira prova coletiva da minha vida. Foi a Mini Maratona de Lisboa, na Ponte Vasco da Gama. Mas quando cruzei a meta, ao fim de 6,5 quilómetros, senti que queria mais. E continuei, junto à margem do Tejo, até que cheguei ao Lux, onde chamei um Uber. No total do dia, tinha caminhado 14,9 quilómetros!

Captura de ecrã 2016-10-4, às 18.31.53.png

Foi a minha primeira vez. Teve um simbolismo especial. Fui sozinho, não encontrei lá qualquer amigo dos que me disseram que também iam. Eram milhares de pessoas, seria a mesma dose de fortuna do que encontrar uma agulha no palheiro. Mas aquele sentimento de partilha, de comunhão, aquela sensação de que estávamos todos ao mesmo, foi magnífica. Tal como eu centenas de pessoas fizeram a prova a caminhar. Havia pais com crianças, havia carrinhos de bebéis e até alguém que se juntou com um cão a meio do percurso. Escusam de perguntar: sim, emocionei-me quando cruzei a meta. Não pelos 6,5 quilómetros, mas porque tinha conseguido, porque tinha sido capaz de me expor uma vez mais, de partilhar com os outros as minhas fragilidades e forças.

Captura de ecrã 2016-10-4, às 19.22.47.png

No final, à chegada à linha de meta, instalada na Alameda dos Oceanos, o meu amigo e companheiro de trabalho Rodrigo Cabrita, um magnífico fotojornalista que estava a trabalhar, registou o momento que fica para a posteridade. Tal como o dorsal 22521 e a medalha, anónima, banal e sem qualquer valor financeiro, mas que nunca vou esquecer e que guardarei sempre comigo.

Portanto, que fique claro. Sim, o sacrifício pode valer a pena. E há alturas na vida que podemos e devemos fazer sacrifícios, se eles nos levarem a bens maiores. E neste caso, o da minha saúde, faria tdos os sacrifícios necessários. Mas, acreditem, não tem sido. Tem sido uma redescoberta apaixonante. Contagiante porque visível todos os dias. 

Captura de ecrã 2016-10-4, às 18.32.13.png

Acham este prato de robalo grelhado em cama de legumes um sacrifício? Eu cá não acho. Estava delicioso. E é mais uma prova, das muitas que aqui tenho deixado, que um diagnóstico de Diabetes não é uma gilhotina em cima da cabeça. Nem tão pouco uma prisão absoluta que nos obriga a comer coisas chatas todos os dias. Não posso comer rissóis, bolas de berlim, mousses de leite condensado, folhados de carne, cozidos à portuguesa e feijoadas todos os dias? Não, não posso. Ainda bem. É preciso regra, rigor, contenção, alguma capacidade de resistência, mas há tanta coisa boa que podemos reaprender a cozinhar e a comer que as outras vão deixar de fazer falta. E quando sentirmos falta, já sabem a minha dica, comam. Uma vez não vos fará mal. 

Este texto já vai longo e não vos quero maçar mais. Nem queria terminar com uma mensagem moralista. Já aqui vos disse: eu deixei de fumar há cinco anos porque quis, não foi porque li nos maços que fumar causava cancro ou impotência sexual. Há momentos para tudo. Nem sempre estamos preparados para esse momento. Não quero ser heroi de ninguém, nem exemplo do que quer que seja. Mas posso ser uma inspiração. Para mim tenho sido. E se comigo tem resultado, convosco também vai resultar. Acreditem, deem o primeiro passo, não desistam. E passem cá para contar. Façam like na página de Facebook do Tipo 2 e partilhem as vossas histórias. Se formos todos a puxar para o mesmo lado, talvez isto seja menos difícil...

 

 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Captura de ecrã 2016-09-22, às 20.48.11.png

Tenho andado um pouco desaparecido daqui, é verdade. Queixem-se à vontade, deem-me na cabeça, mas às vezes há momentos em que o mundo (o nosso mundo) pára. E é preciso respirar fundo, reencontrar forças, lutar contra as inércias, e voltar à luta. Apesar de tudo não tenho estado parado, tenho feito o meu exercício físico diário. Ora, no ginásio, ora nas caminhadas que aqui vos vou contando.

Três meses depois de ter começado a tratar a minha diabetes tipo 2 (o click foi quase instantâneo, como sabem), sou hoje um homem mais saudável do que era. Mais longe do barril de pólvora em que o meu corpo se tornara. Perdi 20 quilos, reduzi os níveis de colesterol, de triglicéridos e de perímetro abdominal, contribuindo com isso para a redução das probabilidades de um enfarte do miocárdio. A minha tensão arterial estabilizou, os valores da minha glicemia estão hoje perfeitamente controlados e quase nos limites de um "não diabético". Isto não significa que a batalha acabou. Nada disso. Vai continuar. Até porque, devo confessar-vos, há coisas que mudaram de forma tão estrutural na minha vida, que já não é possível voltar atrás. 

Captura de ecrã 2016-09-22, às 20.49.36.png

Falo do exercício físico. Mais do que uma necessidade de saúde, o exercício físico passou a ser um hábito, uma saudável rotina, um prazer. Hoje já não penso duas vezes quando é preciso ir a algum lado e não me apetece ir de carro. Vou a pé. Ao meu ritmo, no meu registo, com a minha música, mas vou. Desço e subo sem me cansar tanto, controlo a respiração e já consigo conversar ao mesmo tempo que ando. Tenho uma hora perdida antes de uma reunião de trabalho? Vou andar um bocadinho. Creio que isto dá uma dimensão aproximada do que mudou na minha vida. Quem não tem paciência para estas coisas, percebe bem o que eu sentia. E sentirá agora uma pontinha de inveja. "Ai se eu tivesse a força de vontade que ele tem...", pensam. Pensam e dizem-me, que eu bem leio as mensagens que me mandam por aqui e pelo Facebook. Não se enganem. Vocês não têm falta de força de vontade. Ou pelo menos, não têm mais do que eu tinha até há três meses. Mas há momentos em que temos de tomar decisões na vida. Há momentos em que temos de parar e que nos confrontar com a realidade, por mais dura que ela possa parecer. "A continuar assim, vou ter muitos problemas, ou vou morrer cedo". Sim, pensei nisso, não há que negá-lo. E eu não quero morrer cedo. Quer dizer, sei que esse dia vai acontecer, mas quanto mais tarde, melhor. 

Captura de ecrã 2016-09-22, às 20.46.54.png

Não estou sozinho nesta batalha. Tenho as pessoas que gostam de mim à minha volta, tenho a minha equipa clínica da Associação de Diabéticos. E tenho meu PT, o André Guardado, do Virgin Active de Lisboa, que tem sido inexcedível no apoio e adequado no tom e na forma como exige de mim mais esforço e mais determinação.

O exercício físico é essencial para o controlo da diabetes. Não basta a mudança de hábitos alimentares, embora eles sejam muito importantes. Mas nada é possível sem darmos um pontapé no sedentarismo.

Quando fazemos exercício estamos a estimular o pâncreas a produzir insulina. Por outro lado, como estamos a exercitar os músculos, eles precisam de energia. Deste modo, também estamos a aumentar a utilização de glicose pelos músculos, impedindo que esta se acumule no sangue e aumente os valores de glicemia. Isto não é só teoria: basta fazermos um teste de medição de glicemia antes e depois do exercício e verificar a diferença.

Nas conversas que tenho tido com as pessoas que me vão seguindo por aqui tenho verificado o receio que muita gente tem que a prática de exercício físico lhe provoque crises de hipoglicemia: ou seja, quando os valores do açúcar no sangue descem abaixo dos 70 mg por decilitro de sangue. É uma preocupação que deve ser tida em conta (e por isso a necessidade de nos alimentarmos corretamente antes do exercício físico, de levarnos água para hidratação e um hidrato de carbono de absorção rápida para o caso de nos sentimos "com fraqueza").

A prática regular de exercício físico, em especial os exercícios aeróbios:

  1. Diminui os níveis de glicose no sangue;
  2. Estimula a produção de insulina;
  3. Aumenta a sensibilidade celular à insulina;
  4. Aumenta a capacidade de captação de glicose pelos músculos;
  5. Diminui a gordura corporal, a qual está relacionada à diabetes tipo 2.
  6. Permite a perda de peso.
  7. Estimula a nossa autoestima por conseguirmos alcançar objetivos.
  8. Uma melhor autoestima torna-nos mais confiantes e felizes connosco e com os outros.

De um modo geral, e sempre com controlo de profissionais qualificados, o exercício deve contemplar uma mistura de dois tipos de exercícios:

  1. Exercícios aeróbios (a caminhada, como eu faço, é uma delas, mas a corrida, ou a natação ou o ciclismo podem ser boas alternativas). Meia hora por dia pode ser o suficiente. Ou seja, cerca de 150 minutos/semana, com intensidade moderada. Pelo menos no início.
  2. Exercícios de musculação – Duas a três vezes por semana, de 30 minutos cada, dando mais importância aos grandes grupos musculares.

Captura de ecrã 2016-09-22, às 20.48.58.png

Pela minha parte, sinto bem a diferença. Há menos gordura localizada na barriga, e junto à zona abdominal, há muito menos cansaço cardiovascular e tenho vindo a desenvolver músculos em zonas onde até aqui existia apenas gordura. Ou seja, os músculos estavam lá, mas tapados.

O caso das minhas pernas é paradigmático. Eu sempre fui um obeso sobretudo da cintura para cima, mas hoje, quatro meses depois de ter começado a fazer exercício (inscrevi-me no ginásio e com PT um mês antes da história da diabetes), a definição muscular das minhas pernas (na zona dos gémeos) é hoje claramente notória e é um reflexo deste trabalho que tenho feito e não quero parar.

Nem todos podem ter a mesma paciência para ginásios, mas há imensas coisas que podem fazer. Por exemplo, quem tem cães, pode prolongar um pouco mais as passeatas com eles. É bom para os bichanos e é bom para nós. Quem gosta de natação pode fazer hidroginástica. Que me perdoem os mais crescidos, mas sempre achei que a hidroginástica era uma "tanga" e uma coisa para "gente mais velha". Antes das férias, na piscina do ginásio, resolvi ir a uma aula (são gratuitas): gostei muito. Em primeiro lugar, eu não era o único netinho por ali (havia gente da minha idade e até mais novos...) e depois, não, a hidroginástica não é uma tanga. É aliás muito mais difícil do que parece, porque, por causa da água, a força que temos de fazer para mexer os músculos é muito mais intensa. 

Outra ideia: têm escadas em casa, ou no prédio onde vivem ou trabalham? Experimentem descê-las e subi-las pelo menos uma vez por dia. Reduzam o uso dos elevadores (pronto, se viverem no 12º andar, deixo já de parte este exemplo...), vão ver o efeito que isso provoca no vosso corpo e na vossa capacidade de resistir ao esforço. Vá, força!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

nuno.jpg

Tenho andando mais afastado nos últimos dias, mas não levem a mal. Estou com o "síndroma do regresso às aulas". Depois das férias, o retorno à normalidade é sempre difícil: os problemas estão exatamente onde estavam antes das férias, as reuniões estão de volta, as contas para pagar, os projetos para tocar para a frente, as decisões para tomar e, mais importante do que tudo isso, depois de duas semanas e meia de calções e T Shirt, voltam as calças e as camisas. Não é fácil.

Desde que regressei do Algarve, ainda não fui ao ginásio. O André Guardado, meu PT, mandou-me uma SMS a lembrar-me que existe e perante a minha resposta disse-me: "Mantém-te em atividade". Estou a tentar. Fiz caminhada no fim-de-semana mas não consegui repetir a dose ontem e hoje. Trabalho oblige

Captura de ecrã 2016-08-30, às 19.07.30.png

O que continuo sem descurar é a alimentação. Mantém-se tudo igual, e continuo a perder volume e peso. No domingo precisei de comprar duas T Shirts novas para o treino. As antigas estavam muito largas. Do 4XL que vestia, passei agora para o 2XL. Os calções/bermudas que comprei em julho (quatro números abaixo) já vão ter de ser apertados. E hoje mesmo fiz mais dois furos no cinto.

Captura de ecrã 2016-08-30, às 19.07.45.png

 Quanto a açúcar, vamos bem obrigado! Terminei no domingo a primeira rodada do Bydureon, o medicamento auto-injetável que me foi receitado há um mês na Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal. Ao fim de quatro injeções, continuo a não gostar da sensação, mas é perfeitamente suportável. Fácil de administrar e o desconforto é rápido. Sexta feira volto à APDP para fazer um balanço da coisa: regressarei com menos seis quilos do que há um mês e com a glicemia, quer em jejum quer a pós-prandial (depois das refeições), a variar entre os 100 e os 120 mg de açúcar por decilitro de sangue. Excelente! O medicamento é para continuar.

Pronto, por hoje fico-me por aqui. Foi uma espécie de visita de médico: entrada por saída. Antes do jantar ainda tenho uma reunião. Já tocaram à campainha...

 

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.