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Via-a no Jumbo de Alfragide. Tinha um ar consistente, ampla, cheia de bolsas e recantos escondidos. E ainda umas caixas plásticas. "Tens a certeza que queres levar esta? Parece que vais levar o gato ao veterinário", perguntaram-me. Rimos à gargalhada no corredor do hipermercado. Peguei na mala e andei 2 metros com ela na mão, como se, de facto, levasse o gato ao tio Vet. Olhei para o preço e pareceu-me puxadote. Hesitei uma, duas vezes. Acabei convencido. "Esta é a mala ideal para poder levar as minhas refeições para onde quer que vá", autojustifiquei-me.
E é assim que, desde o final de julho, tenho uma marmita que mais parece a caixa do gato que não tenho. Estreei-a no dia seguinte no trabalho. Lá coube tudo: a merenda do meio da manhã, a sopa e o prato do almoço, a merenda do meio da tarde, mais um snack e ainda o jantar, que o dia ia ser longo.
A "marmita do gato", assim ficou conhecida cá em casa, tem sido um importante acessório também para os meus dias de praia, nesta primeira semana de férias no Algarve. Na sua bolsa central e nas duas laterais é possível arrumar tudo o que é necessário para um diabético: cinco ou seis refeições para um dia inteiro. Não se esqueçam que o diabético deve evitar jejuns prolongados, nunca saltando refeições e alimentando-se de 3 em 3 horas, o que evita situações de hipoglicemia – concentração de glicose no sangue muito baixa que se manifesta através de sintomas como ansiedade, tremores, palpitações, entre outros.
Por isso, como a ideia é passar o dia de hoje na praia (à sombra, na hora de maior calor), nada como uma lancheira bem apetrechada de coisas frescas e de digestão fácil, mas que permitem uma sensação de saciedade. Lembrem-me: quanto menos sensação de fome tiverem, menos ingestão compulsiva fazem na refeição seguinte.
Para hoje, está tudo preparado. Vamos para a praia daqui a pouco e "a marmita do gato" está pronta. Algumas das coisas foram preparadas ontem à noite (lembram-se quando aqui vos falei da necessidade de ter tempo para um correto planeamento do dia seguinte? Essa é uma das chaves essenciais para levar a bom porto esta batalha).
Assim, o menu do dia é o seguinte:
Merenda das 11h30:
- 5 cenouras baby cruas, 1 triângulo de queijo magro e duas bolachas de aveia (cada uma, apenas 19 kcal, 0,2 gramas de gorduras, 3,5 gramas de hidratos de carbono, 0 gramas dos quais açúcar e 0,05 gramas de sal).
Almoço:
- salada fria de frango cozido (1/2 peito, equivalente a 80 gramas de carne); massa cotovelinhos cozida com brócolos em água aromatizada com coentros (duas colheres de sopa de massa e bróculos); 5 nozes, meia mozarella light e meia maçã verde partida em cubinhos.
- 200 ml de gaspacho de legumes bem frio.
Merenda das 16h30:
- Meia meloa e uma gelatina 10 kcal (alto teor de fibra).
Merenda das 19h00:
1 ovo cozido e 1 kiwi
Hoje é dia de jantar em casa. E, de acordo com o planeado de manhã, vamos ter febras na brasa com salada. Ou seja, depois de chegarmos da praia, de ainda darmos uns mergulhos na piscina (num grupo com seis crianças não há como fugir a este prazer!), de tomar banho, de fazer a salada, de colocar a mesa, e de preparar as brasas, é certo e sabido que não nos sentaremos a jantar antes das 21h30. Chegarei lá sem fome e com uma alimentação espaçada e equilibrada. Tudo graças à malinha do gato, claro.
Estão a ver este por do sol? Não, não é de revista, é real. Aconteceu ontem. E eu estava lá. Eu, o Bruno, a Sofia e a Teresa. No Meco. Chegava ao fim uma simpática tarde de praia (com direito a 3,5 Km de caminhada na areia molhada e tudo...). "E que tal se jantássemos por aqui?". Pensámos nós e mais umas dezenas. Mas tivemos sorte e arranjaram-nos uma mesa mesmo junto à areia. E foi dali que fomos vendo o sol baixar até desaparecer no infinito.
Já aqui vos disse que, apesar de todo o meu entusiasmo, força de vontade e empenhamento, não vou tornar-me um fundamentalista. Nem sempre vou comer o que de mais saudável possa existir. E não há mal nenhum nisso, desde que tenhamos consciência disso e, responsavelmente, vigiemos a glicemia e façamos as equivalências necessárias no dia seguinte.
Pois comi uma excelente sopa de peixe (a lista tinha sopa de legumes, talvez opção mais saudável, mas, com a quantidade de batata que as sopas da restauração têm, até nem estou seguro disso...), que me soube maravilhosamente, pois partilhámos os quatro uma dose de amêijoas à Bulhão Pato e uma de Mexilhões à Espanhola. Antes, a suprema facadinha. Na mesa estava um queijo de Azeitão. Daqueles amanteigados, maravilhosos. E um belo pão. Branco, convidativo. Primeiro, armei-me em esquisito, deixando-os comer e resistindo. Depois, bem, depois, pensei: "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra". Pequei. Mas pequei tão bem. E tão feliz: duas fatias de pão e um bocadinho de queijo. A refeição, para mim, terminou com um descafeinado.
À noite, quando cheguei a casa e, antes de me deitar, medi a glicemia. Surpresa: 131! Valores absolutamente normais, dentro dos parâmetros de referência, para o final do dia, depois das refeições. É a prova de que um "desvario" de vez em quando não tem qualquer problema. Animem-se, isto não tem de ser um inferno. Não é mesmo. Não pode ser!
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