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Para começar, vamos colocar os pontos nos is. Não me interessam as marcas para nada. Nem sequer vou referir marcas neste post. É evidente que muitos dos leitores vão conseguir associar as cores e os letterings às marcas, mas não é isso que está em causa. Em cada segmento alimentar, para cada marca há mais 30 concorrentes, portanto, o que é válido para estas em concreto é válido para as marcas ao lado.
A minha intenção com este post é apenas alertar para as enormes quantidades de açúcar concentradas nestas bebidas. A indústria alimentar cumpre a legislação quando publica nos rótulos a Declaração Nutricional de cada produto (quer por unidade média, quer por porção), mas na maior parte dos casos, há uma grande ignorância da nossa parte. E isso paga-se caro.
Querem um exemplo? Eu gosto de compras, de ir com calma ao hipermercado, andar com carrinho entre corredores, vendo este e aquele produto e comparando. Adoro sumo de laranja, daqueles mesmo naturais com fruta que nos prometem "acabada de espremer". Estão normalmente na zona dos frios (vocês sabem a que me refiro). Ora, numa hora e tal de hipermercado, eu sou capaz de ir beberricando facilmente uma garrafa daquele sumo. Há laranja, há maçã e cenoura, há só maçã. É à escolha do freguês. Ora, aquelas garrafinhas têm 750 ml de sumo de fruta. É fruta, é saudável, não é? Pois, vejam o rótulo. Por cada copo de 200 ml, 25,2 gramas de açúcar. E como está ali escrito no rótulo, uma embalagem de 750 ml contém 3,75 porções de 200 ml cada. Portanto, uma garrafinha contém 94,5 gramas de açúcar. Corresponde a 12 pacotes de açúcar (que oscilam entre os sete e os oito gramas).
"Bem, isso és tu, que és bruto!", podem, e bem, pensar. É verdade. Mas tenho a certeza que não seria eu o único bruto à face da terra. E mesmo que à refeição beba dois copos de um destes sumos, são 50 gramas de açúcar. Ou seja, a mesma coisa que 6,5 pacotes. Como é óbvio, continuo a ir ao hipermercado e a ter gosto em demorar-me. Mas já não bebo o suminho.
"Tem sede? Bebe água!" Sempre foi assim que os meus pais nos educaram lá em casa. Refrigerantes foi coisa que muito raramente por lá entrou. E isso deixou marcas (apesar dos pesares): ainda hoje, a água é a minha bebida favorita. Mas sim, não vale a pena negar: também ao longo da vida bebi refrigerantes. Ou iced teas, por exemplo. "Ah, isso podes beber, que é chá fresquinho, não faz mal". Não? então reparem: um copo de iced tea (não interessa a marca, volto a dizer) tem 11 gramas de açúcar. O problema é que nunca bebemos um copo. Se numa refeição bebermos dois copos, são 22 gramas de açúcar, ou seja, três pacotes de açúcar. Numa tarde quente de verão, numa esplanada sabe bem uma lata de chá gelado. Uma lata tem 0,33, ou seja 330 ml. 13,5 gramas de açúcar, correspondentes a 57 calorias.
Pior, muito pior são as colas com açúcar: 35 gramas por lata. Ou os sumos em pacote. São os reis da selva e fazem as delícias da pequenada: cada pacotinho, um festa de 16 gramas de açúcar (cada pacote tem 0,20L). Ou os néctares: entre 6 e 7 gramas de açúcar por cada 100 ml. Um copo normal, daqueles que temos em casa, tem cerca de 200 ml. É duplicar.
Moral da história: a ideia não é aconselhar-vos a deixar de consumir. Cada um sabe de si. A ideia é apenas alertar para as quantidades de açúcar que consumimos em produtos que não associamos a altas cargas glicémicas. Por isso, muitas destas marcas têm já versões "zero", em que o açúcar desce para valores quase residuais. Se não conseguirem passar sem o sabor destas bebidas, optem pelas versões zero, ou aquelas que são adoçadas com stevia, por exemplo. Ou com outros adoçantes. Mas o melhor mesmo é água. Bem fresquinha, se faz favor!
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