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Ando a ler um livro um bocadinho assustador. Chama-se "Açúcar - O pior inimigo". Comprei-o há duas semanas numa grande superfície e só comecei a lê-lo hoje. Tem estado na minha mesa de cabeceira há mais de 15 dias. Tenho estado literalmente a dormir com o inimigo.
O livro é assustador porque nos obriga a refletir sobre, por um lado, as coisas que comemos, e, por outro, as coisas que a indústria alimentar acrescenta aos alimentos para os tornar mais apetecíveis, logo mais vendáveis.
Já aqui vos disse que tenho lido muita coisa nos útimos dois meses. Não pensem que me tornei um obsessivo. Continuo a ler romances, livros de comunuicação e outros, mas - não há como negar - passei a interessar-me por estes assuntos. Por uma questão de saúde, desde logo: só posso mudar os meus hábitos de vida, se perceber o que é que os velhos hábitos significam.
Apesar de assustador, "Açúcar - O pior inimigo", escrito por Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar, deve ser lido. Não só por diabéticos como eu. Não só por obesos como eu. Mas também por todos os que querem perder alguns quilos e prevenir males futuros. O livro mostra de que forma o açúcar, nas suas mais variadas designações e composições, é prejudicial para o nosso organismo, inclusivamente provocando a compressão dos nervos.
Digo "açúcar nas suas mais variadas designações e composições" porque a falta de informação faz com que as pessoas ignorem os malefícios dos sucedâneos e afins. Cito uma passagem deste livro que estou a ler:
"A indústria alimentar esconde sob diferentes nomes o açúcar adicionado nos seus produtos, a que podemos chamar gémeos maléficos. Porém, açúcar é açúcar. Depois de ler o rótulo, dispense o produto se qualquer um destes termos maus comuns para o açúcar estiver entre os primerios cinco ingredientes:
Açúcar amarelo, açúcar de beterraba, açúcar mascavado, cana-de-açúcar, caramelo, concentrado de sumo de fruta, dextrina, dextrose, glicose, malte de cevada, maltodextrina, maltose, mel, melaço, melaço de cana, sacarose,xarope de milho, xarope de milho rico em frutose, xarope de ácer (entre outros)".
"Ah, eu de manhã raramente tenho fome. Nunca tomo o pequeno almoço". Quantas vezes ouvimos esta frase de amigos e conhecidos? Muitas. Demasiadas. É um dos erros mais frequentes do ponto de vista alimentar, mesmo para gente saudável. Não, aquela história do "O pequeno almoço é a refeição mais importante do dia" não é tanga, nem conversa de médico ou de mamã. É mesmo verdade. E deve ser rico em nutrientes para começar o dia com energia e vitalidade.
Melhor do que eu, os médicos explicam porquê:
"O pequeno-almoço é a primeira refeição realizada após um período de jejum noturno, no qual o corpo necessitou de ir às suas reservas energéticas para obter energia para se regenerar e desempenhar funções básicas. Não tomar o pequeno-almoço é, no fundo, prolongar esse período de jejum e de recurso corporal às reservas energéticas, sendo esse processo menos eficiente do que a obtenção da energia a partir dos alimentos. Isso provoca uma maior sensação de sonolência e fadiga, e a um menor desempenho cognitivo e físico, principalmente no período da manhã. Há ainda quem experimente dores de cabeça, agitação, má disposição geral e mesmo maior irritabilidade", escreve a Fundação Portuguesa de Cardiologia.
E mais: "Um estudo apresentado na American Heart Association Conference demonstrou que a toma de pequeno-almoço todos os dias estava associada à redução de 30%-50% do risco de obesidade e de resistência à insulina. Outros estudos publicados no American Journal of Clinical Nutrition demonstraram um menor risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doença cardíaca em pessoas que tinham o hábito de consumir o pequeno-almoço. Contudo, no que toca ao efeito preventivo, importa não só a toma do pequeno-almoço mas também a sua qualidade."
Em minha casa, desde criança, sempre se deu muita importância ao pequeno almoço. Bem, eu não sou propriamente um bom exemplo. Ao longo da minha vida, nunca saltei um pequeno almoço, mas assaltei-o com coisas que jamais deveria ter comido. Sobretudo naquelas quantidades. Já aqui vos disse que, mais do que doces, a minha perdição são (eram) os salgados. E, portanto, durante muitos anos, um folhado de carne, um rissol ou uma empada fizeram parte da ementa da minha primeira refeição do dia. A tal que é suposto fornecer-nos nutrientes necessários para um dia cheio de vitalidade. No meu caso, cheio de gordura!
Desde que descobri que sou diabético, reforcei a importância do pequeno almoço. A ingestão diária de um pequeno-almoço saudável promove a saciedade e ajuda a controlar os níveis de açúcar (glicose) no sangue. Vejamos o que diz a IDF, International Diabetes Federation a propósito dos alimentos que devem/podem estar presentes num pequeno almoço equilibrado para diabéticos. Escolham alguns destes alimentos, não todos no mesmo dia, ok?
E, pronto, estamos conversados?
Não sou médico, não tenho aspirações a tal, nem sequer pretendo aqui dar conselhos clínicos. O que aqui vou escrevendo neste blogue é o resultado do que vou aprendendo com os médicos e com a muita coisa que entretanto comecei a ler. E quando falo em leituras, esqueçam a Wikipedia, ou aqueles sites manhosos tipo www.tudooquequerosabersobretodasascoisasdomundo.com.br.
Já aqui vos falei que o meu processo de interiorização da doença foi rápido. E que não dramatizei, apesar de a ter valorizado. Não entrei em negação. No próprio dia, entrei pela primeira vez no site da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (www.apdp.pt). O site não é particularmente bonito, mas é muito útil. Fala da associação, das suas valências, dos seus serviços, dos seus protocolos, das suas especialidades, e fala sobretudo para os diabéticos e para quem com eles convive (num dos próximos dias aqui falarei da importância que os que nos rodeiam têm para o nosso bem-estar e como deve ser o seu comportamento perante o diabético).
No dia seguinte, passei pela Fnac e procurei livros técnicos sobre Diabetes. Por incrível que pareça, não há muita coisa. Ou o que há editado não está disponível (o problema não é exclusivo da Fnac, já experimentei a Bertrand e foi a mesma coisa). Na área de Saúde e Bem Estar, há 13 546 livros sobre dietas (as dos famosos, as dos sumos, a paleo, a 1,2,3, a low carb, a dos sumos detox, a dos 15 dias, a anti-cancro e uma imensidão de capas sugestivas e títulos que nos fazem logo sentir melhor). À pergunta "qual é a área onde estão os livros sobre Diabetes?", a pergunta é invariavelmente a mesma. "Bem, não temos propriamente uma área. Eles estão por aí, é uma questão de procurar". Esta nem é das piores respostas. Numa livraria conceituada no centro de Lisboa, responderam-me: "Já procurou ali nos livros de saúde e bem estar?" Perante a estupidez da pergunta, respondi: "Ai que disparate, não me tinha ocorrido. Estava à procura na zona das biografias e na música clássica. Peço-lhe desculpa".
É preciso ter calma. O caminho faz-se caminhando a ainda agora estamos no início. De 19 de junho para cá, já comprei sete livros de Diabetes. Tenho lido muito. Percebendo reações, razões, equivalências, cuidados a ter. Em todos aprendo sempre um bocadinho. Os primeiros dois que comprei foiram estes editados em conjunto pela Lidel e pela própria APDP. Úteis, muito práticos e com uma linguagem claramente acessível para quem quiser interessar-se pelo assunto. Acreditem, o pior é fazer como a avestruz...
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