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Pst, pst, sim é consigo. Não finja que não ouve!

por Nuno Azinheira, em 14.07.16

Captura de ecrã 2016-07-14, às 19.08.58.png

 

Há pouco mais de uma semana, quando decidi criar este blogue, expliquei-me. Disse ao que vinha. "Porque é que resolvi criar este blogue? Porque é que, na opinião, seguramente respeitável de muita gente, me decidi expor assim de uma forma tão crua? A resposta é simples. Para ajudar. Para me ajudar a mim, em primeiro lugar. (...) Se com estes textos conseguir ajudar outros que estão na mesma situação, melhor." Foi isto que escrevi no dia 6. 

Entretanto, passaram oito dias. Na página de Facebook que criei (https://www.facebook.com/azinheira.tipo2/), já se juntaram a mim mais de 2000 pessoas. Muitos amigos, claro, mas também muita gente que não conheço de parte nenhuma. Pessoas que têm um contacto direto com a Diabetes: ou porque são diabéticos, ou porque vivem de perto com doentes, ou porque, não sendo ainda, estão naquela fase chamada de "pré-diabética". É a pior fase. Porque, em muitos casos, é a mais ignorante e a mais irresponsável. Eu sei porque também a vivi. Há cinco anos o meu médico de clínica geral alertou-me para os valores de açúcar no sangue, dizendo que configurava uma situação de pré-diabetes. Há dois anos, na medicina do trabalho, outro médico confirmou-me a mesma história. E eu, em ambos os casos, fiz o mesmo: acenei com a cabeça, fiz um ar compenetrado e grave, deixei escapar uma frase do tipo "sim, tenho mesmo de tratar de mim" e pronto. Saí do consultório e entrei na pastelaria mais próxima.

Convém não descurar esses avisos. Levem-nos a sério. Uma situação de pré-diabetes é absolutamente reversível, com um pouco de exercício físico e uma alimentação mais cuidada e moderada. Deixar o tempo andar, fingir que não é nada connosco, empurrar (literalmente) com a barriga para a frente não resolve nada. Só complica.

De entre as mensagens de estímulo que tenho recebido, recebo também algumas dúvidas e, sobretudo, desabafos. Importa reforçar o que tenho dito aqui frequentemente: não sou médico, sou apenas um diabético que tomei contacto recentemente com a doença e que quer viver melhor. Mudei hábitos alimentares enraizados, passei a praticar exercício físico e comecei a ler muito sobre a Diabetes. Mas nada do que eu possa dizer ou aqui escrever substitui o que um médico diga. Até porque cada caso é um caso, e o que se aplica a mim pode não se aplicar a outros. Das mensagens que recebo as que mais me preocupam são as de gente que se diz despreocupada com a questão. Ou que não valoriza muito os sinais. Eu sei o que isso é. Fiz exatamente o mesmo até ao dia 19 de junho.

Há coisas que é preciso saber. Há sinais a que é preciso estar atento:

- Se tem peso a mais

- Se tem casos de diabetes em familiares diretos

- Se sente muita sede e extrema necessidade de beber água de forma quase descontrolada

- Se urina mais do que o habitual, ou se acorda todos os dias a meio da noite para ir à casa de banho

- Se sente sempre sensação de fome

- Se perde peso repentinamente

- Se, sendo mulher, acumula infeções ginecológicas ou urinárias

- Se sente um cansaço crónico

- Se sente a visão turva ou desfocada

- Se as feridas demoram a cicatrizar

 

Então, não ignore estes sinais. Consulte o seu médico, faça análises e mude o seu estilo de vida. O "não querer saber" é a pior atitude. Irresponsável para nós próprios. Injusto para quem vive connosco. Insustentável para o Sistema Nacional de Saúde.

 

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